quinta-feira, 10 de maio de 2012

Revelações de um juiz - Parte 2


Na última edição do Notalatina apresentei as escandalosas revelações de um ex-magistrado venezuelano que, ao ver-se rejeitado por ter perdido a serventia ao regime, passou de verdugo a vítima, fugiu do país para a Costa Rica e de lá resolveu revelar tudo o que sabe - e que foi partícipe - ao DEA. Na longa entrevista oferecida à jornalista María Angelica Correa, da “SoiTV”, o ex-juiz Eladio Aponte Aponte confirmou crimes cometidos pelo governo de Hugo Chávez nos quais a condenação saiu de sua pena, entre os quais o caso dos “paracachitos” e a brutal perseguição e condenação a Robert Alonso, um jornalista cubano-venezuelano proprietário da Fazenda Daktari, e meu amigo de há pelo menos 8 anos. 
E eu pretendia, baseada nas denúncias do juiz Aponte Aponte fazer outra edição, desta vez com detalhes sobre o caso através de um vídeo feito pelo próprio Alonso, mas chegou-me hoje às mãos um vídeo depoimento de outro juiz, também refugiado na Costa Rica e que traz revelações tão ou mais escandalosas do que o primeiro que deixo o caso de Robert Alonso para uma próxima edição.
Refiro-me ao ex-magistrado Luis Velásquez Alvaray, que confirma a participação de Chávez e seus generais, através de documentos que são apresentados no vídeo, não só nos crimes mais famosos do país que mantém presos inocentes por crimes praticados por Chávez e seus sicários, como as provas da cumplicidade destes personagens com as FARC, inclusive um magistrado que ele diz textualmente ser o “advogado das FARC”, Marco Tulio Dugarte, membro da Sala Constitucional.
E a iniciativa do juiz Aponte caiu como uma bomba no setor castrense assim como no Judiciário venezuelano. A jornalista Marianela Salazar conta que o ministro Henry Rangel Silva, citado por Aponte, na semana passada foi correndo para Cuba para expor ao ditador Raúl Castro sua situação pessoal e de outros militares envolvidos com toda esta imundície, para se assegurar de que, quando a coisa apertar, eles poderão encontrar em Havana um refúgio seguro. Cabe salientar que todos os foragidos da justiça buscam refúgio naquele país, porque ele não mantém acordo de extradição, o que lhes dá a garantia de que nenhum país poderá tirá-los de lá.
Outro que saiu fugido da Venezuela foi o general Hugo Carvajal, ex-diretor da DIM (Direção de Inteligência Militar), citado não só por Aponte como por Raúl Reyes em vários e-mails encontrados em seus arquivos de computador. Segundo informa Marianela, Carvajal também teria fugido do país e se “oferecido” para falar com o DEA, mas disso eu tenho muitas dúvidas, uma vez que ele já era acusado nos Estados Unidos de “ajudar materialmente as FARC com armas e tráfico de drogas”.
O juiz Alvaray confirma dois crimes recentes como queima de arquivo: o do capitão e ex-governador de Apure, Jesús Aguilarte Gámez em 24 de março passado em Maracay, e do general-de-brigada Wilmer Moreno em 19 de abril último. Ambos chavistas desde a primeira hora que se rebelaram e pretenderam sair do circuito criminoso e se unir à cadeia do “Efeito Aponte Aponte”. Mario Silva, um jornalista asqueroso e bajulador de Chávez dono do programa de televisão “La Hojilla”, tão baixo quanto os dois, anunciou minutos após o ocorrido com minuciosos detalhes, o que confirma-se que todos esses crimes que vêm ocorrendo, embora pareçam acidentes casuais, são encomendados. 
Comenta-se que o filho do general Moreno, que tem o mesmo nome do pai, publicou em sua conta do Twitter na manhã seguinte uma mensagem, que finalizava dizendo: “A mensagem que se envia com o assassinato de Moreno, tão estrategicamente descrita por Mario Silva, é. Aos oficialistas: ‘o próximo que pule a cerca é homem morto’. E à oposição: ‘livrem-se de procurar possíveis arrependidos porque vejam como terminam’. O jogo do Governo, em cima do 7 de outubro, é definitivamente do de Terrorismo de Estado. Wilmer Moreno. ‘O incômodo’”.
Bem, nessa entrevista o ex-juiz Alvaray conta que na Venezuela há vários cartéis, sendo os principais em importância o “Cartel de los Soles” (referindo-se aos generais, pois em vez de estrelas, como no Brasil, são sóis que se utilizam), o “Cartel dos Enanos” (anões), onde se encontram os membros das mais altas cortes de Justiça, e o “Cartel dos Árabes”, ou “Sírio-Libanesas”. Um dos principais elementos do Cartel de los Soles é Alí Rodríguez Araque, que é agente do G2 cubano, e atualmente Secretario Geral da UNASUL. Ramón Rodríguez Chacín, que tem uma enorme fazenda em Barinas, estado natal da família Chávez, comprou esta fazenda para uso das FARC. Lá são planejados os seqüestros, atos terroristas, extorsões e outras atividades delinqüenciais das FARC. O governador daquele estado é Adán Chávez, irmão do moribundo ditador, que participa de tudo e dá seu aval, daí porque Chávez queria fazê-lo seu sucessor, para garantir que seus camaradas das FARC continuariam tendo apoio e proteção.
Com relação aos acordos com a China comunista, denunciou o ex-juiz Alvaray que parte do petróleo que segue para aquele país é pago em armamento que vai para as FARC. Freddy Bernal, que atualmente faz campanha para o desarmamento da população ordeira enviou para Cuba 35.000 jovens para fazer treinamento de guerrilha, que deverão conformar o futuro “governo revolucionário”.
Após assistir a essa entrevista, que como no primeiro caso apenas confirmou com provas documentais o que há anos todos (os que estudam e acompanham o que se passa no continente, é claro!) já sabíamos, senti um misto de repugnância, medo e revolta e não pude deixar de me perguntar se, sendo o Brasil fundador e membro do Foro de São Paulo, e conhecendo o histórico dos nossos magistrados, sobretudo do STF onde quase todos foram indicados pelo PT, nosso judiciário não estaria numa situação semelhante ao da Venezuela, onde a podridão transborda por cada fresta de porta e janela, onde já não há mais tapete para esconder tanta sujeira. E lembrei também dos presidentes Uribe e Santos, o primeiro sendo confirmado em suas denúncias, e o segundo, conhecedor de que as FARC têm guarida segura na Venezuela, confirmado pelo ex-magistrado Alvaray, aliou-se a Chávez, retirou as acusações que tramitavam na OEA e ainda declarou-o o seu “mais novo melhor amigo”.
Atos têm conseqüências, e os de Chávez já não são mais segredo para ninguém. Incontáveis de seus comparsas estão morrendo, e não me refiro a esses assassinados, bem ao estilo staliniano, mas de mortes absolutamente inesperadas ou de câncer, como ele. Mas, assistam ao vídeo porque nada do que eu possa escrever é tão absurdo do que ouvir e ver os documentos apresentados por esse ex-juiz Alvaray, mais um dos “arrependidos de última hora”. Fiquem com Deus e até a próxima!





Comentários e tradução: G. Salgueiro