quinta-feira, 21 de julho de 2011

A liberdade de Alejandro e a saúde de Chávez

O Amor e a Fé movem montanhas
(Créditos da foto: Globovisión)

Não é necessário dizer da minha imensa alegria e emoção ontem, quando soube que finalmente Alejandro Peña Esclusa, meu amigo de mais de uma década e de tantas batalhas juntos, havia sido libertado. Quando traduzi e enviei para publicação o artigo de Fuerza Solidaria, onde no final acrescentei dois vídeos, de Indira e de Chávez, senti que ali já começava a se esboçar a liberdade do meu amigo. E senti isso pelo que disse Chávez, a partir do minuto 0:45. A partir desse momento ele fala que o vice-presidente Elias Jaua lhe havia sugerido, e o monsenhor Moronta lembrou que aquele era o dia de N. Srª do Carmo, como chamando-lhe a atenção para a situação dos presos políticos que necessitavam tratamento médico urgente. Ele diz que “não é ditador” e que é o poder judicial quem pode emitir uma medida cautelar, mas faz uma “exortação do meu coração humanitário” e pede que a justiça liberte os prisioneiros - que ele considera apenas “privados de liberdade” - que estiverem necessitando de tratamento médico. Desde aquele dia (17) eu falei, quando enviei o artigo para publicação, que Alejandro em breve seria libertado. 
A imprensa nacional, que NUNCA emitiu uma mísera palavra em favor de Alejandro, publicou ontem uma matéria - que foi divulgada pela agência Reuters, O Globo e Folha de São Paulo com o mesmo texto - alegando um gesto de “benevolência” do ditador para com os “presos de oposição”, ao libertar Peña Esclusa e provavelmente outros mais. Tanto as palavras de Chávez no sábado passado e a da imprensa repleta de agentes de influência são torpes, viperinas e asquerosas, porque, em primeiro lugar, no caso de Alejandro ele sequer deveria estar preso, pois isto fere os princípios legais de presunção de inocência e garantias do devido processo que não foram respeitados desde o momento de sua prisão em 10 de julho do ano passado.
Há quem pense que, pelo fato de estar acometido do mesmo mal de Alejandro, Chávez tornou-se, da noite para o dia, sensível às necessidades de um opositor à sua ditadura. Não há nada mais estúpido do que imaginar que um comunista que tem em seu histórico incontáveis crimes, inclusive de morte, possa ter algum sentimento nobre, mesmo estando com sua vida ameaçada. O comunismo é perverso e é o mal encarnado desde suas entranhas, e não me venham dizer que existe comunista bom, ou comunista sensível à dor alheia porque isto é tão falso quanto uma nota de 30 reais, pois se assim não fosse, não se tornaria um deles.
O que moveu Chávez a esse gesto, foi tão somente uma miserável “estratégica politiqueira”, pois o vídeo da entrevista de Indira, uma guerreira como poucas que conheço, colocou-o em cheque-mate, ao comparar a situação de seu marido com a de Chávez que pode até se deslocar para outro país para tratar de sua saúde. Certamente Fidel deve ter-lhe mostrado o mal que seria para a sua pretensão em reeleger-se, caso não fizesse essa “caridade”, uma vez que o vídeo de Indira correu não só pela Venezuela mas por toda a rede, além da repercussão que o caso tomou nos últimos dias com a pressão feita por parlamentares de vários países do continente, exceto o Brasil, que se julga o umbigo do hemisfério e não “se mistura” com seus vizinhos hispânicos. Quem está acostumado como eu, que acompanho as façanhas e crimes deste psicopata desalmado há 12 anos, conhece suas caras e bocas, seus olhares melosos e seus discursos cheios de “amor”, quando o que pretende é obter os votos necessários para consolidar sua ditadura. E não é porque padece de uma câncer que seu coração amoleceu e tornou-se um fiel devoto cristão. Chávez é antes um herege, e tudo isto não passa de uma perversa armação politiqueira visando os votos que lhe garantam, durante os anos que lhe restam, eternizar-se no poder.
Com relação à sua doença e tratamento, leio na imprensa nacional as coisas mais disparatadas e ridículas, pois difundiu-se (tirado não sei de onde) que o hospital Sírio Libanês havia “rejeitado” tratar de Chávez porque seu estado era terminal. Nada mais falso. Na entrevista que concedi ao site Café Colombo, no dia 02 de julho passado, eu já informava que o diagnóstico provável, considerando-se as providências tomadas, era de câncer de cólon e não de próstata. Agora vejo por dois jornalistas venezuelanos a confirmação do câncer de cólon, inclusive - coisa que eu também já havia afirmado - que sua ida a Cuba foi previamente acertada e que estava tudo pronto para se operar no dia 11 de julho, pois já havia sido detectado nos exames que ele fez nos laboratórios oncológicos do Hospital Padre Machado e no Hospital das Clínicas de Caracas. Por determinação da ditadura cubana isto foi escondido do público, inclusive a bengala não tinha nada a ver com o joelho mas para apoiar-se mesmo, devido às fortes dores abdominais.
Com relação à cirurgia em si, descreve Luis Felipe Colina: “Na operação, os médicos cubanos ressecaram e igualaram as alças intestinais (anastomosis termino-terminal) e da biópsia resultou que as bordas de ressecação eram positivas para câncer, ademais com metástase em três gânglios peritonais. Essa operação infectou e foi necessário chamar o cirurgião Luis García Sabrido, chefe de cirurgia do Hospital Gregorio Marañón, de Madri, o mesmo que interveio no caso de Fidel Castro, para acomodar o “desastre”. Fazem uma colostomia medial e tratam da infecção. O tumor maligno que Chávez tem requer quimioterapia. (...) Diversos especialistas consultados nos asseguram que os médicos cubanos, ao não fazer a colostomia na primeira intervenção, disseminaram o câncer, o que piora o prognóstico”.
Quanto ao fato dele não ter vindo fazer o tratamento no Brasil, que Lula até havia conseguido convencer Fidel dessa alternativa, chegou-se a um acordo de que ele devia fazer a quimioterapia em Havana e depois de transcorridas algumas semanas, ver a reação ao procedimento e então aceitar uma “avaliação” no Hospital Sírio Libanês. Estão envolvidos nesse tratamento três médicos venezuelanos, dois cubanos e o espanhol Sabrido, que é o médico pessoal de Fidel e quem lhe salvou a vida há já cinco anos. É óbvio e natural que Chávez queira ficar num ambiente que lhe é caro, como Havana, ao lado de um homem a quem ele venera e confia. Além disso, o que Fidel decreta como “segredo de Estado”, dali não sai de modo algum, coisa que já é arqui-sabida por quem conhece os métodos dos ditadores da Ilha, e isto dá um certo conforto a Chávez de que sua real situação vai ser preservada das futricas alheias.
O doutor José Luis García Sabrido, de 66 anos, é chefe do serviço de Cirurgia Geral III do Hospital Gregorio Marañón de Madri, conhecido como “o doutor dos milagres” por ter salvado muitas vidas que pareciam estar no fim, dentre elas, a do ditador Fidel Castro. Segundo consta, apenas uns poucos homens de confiança de Fidel conhecem o paradeiro do Dr. Sabrido, e a embaixada de Cuba em Madri cumpre essa determinação com disciplina militar, como era de se esperar. Há cada seis meses este médico vai à Havana examinar seu paciente e sempre que Fidel deseja, ele é imediatamente levado a Cuba,
Alguns afirmam que Chávez tem 65% de chances de sobreviver mais uns 5 anos, outros que, nas mãos do “doutor dos milagres” ele ainda vai viver muitos anos, e outros ainda que ele só tem mais 1 ano e meio de vida. A verdade, de fato, somente em Cuba se sabe, daí porque não interessa de nenhuma maneira que ele venha tratar-se no Brasil. Ademais, os Castro têm um interesse fundamental na saúde de sua galinha dos ovos de ouro, daí porque o querem por perto para controlar o quadro e ter certeza de que está bem assistido. Por sua parte, Chávez deve aos Castro esse tratamento, e para tal os venezuelanos é que estão pagando - a peso de ouro -, através de um convênio firmado entre os dois países, para a confecção das novas identidades dos venezuelanos. Mas isto é um escândalo tão maiúsculo, que prefiro traduzir todo o documento e publicar depois.
No momento, a única coisa que me interessa é festejar a liberdade de Alejandro Peña Esclusa e continuar rogando a Deus que o proteja de todos os males, e o livre das falsas acusações que lhe imputaram. Na situação em que se encontrava, muito dificilmente Alejandro poderia sair daquela masmorra mas, quem duvida do poder de Deus? É a Sua Justiça sendo feita no tempo certo, que é o tempo Dele e não o nosso. Assistam a entrevista que Alejandro concedeu logo que foi libertado do Helicoide e continuemos nossa luta assinando a petição pedindo sua liberdade total, porque vencemos apenas uma batalha mas a guerra ainda não acabou. Fiquem com Deus e até a próxima!




Traduções e comentários: G. Salgueiro