domingo, 9 de março de 2008



Na última edição do Notalatina eu comparei Rafael Correa com uma prostituta com décadas de bordel que se ofende com um gesto vulgar de um cliente, como se se tratasse de uma donzela pudica; e não exagerava. Ocorre que a Interpol em Bogotá informou que em 27 de junho de 2007 enviou às autoridades equatorianas a informação de que Raúl Reyes estava na localidade de Santa Rosa de Sucumbíos, Equador, exatamente onde foi encontrado o acampamento – que nada tinha de provisório, como ficou demonstrado na edição passada – onde foram abatidos Raúl Reyes e mais 17 terroristas (ver gráfico da operação).


Ainda compondo esta alegoria – da prostituta ofendida -, some-se o “barraco” armado por Correa alegando invasão da soberania territorial do seu país, para promover um “massacre a pessoas indefesas enquanto dormiam”. Outra mentira descabida porque, em primeiro lugar, não eram “pessoas indefesas” mas terroristas sanguinários fortemente armados e que travaram combate corpo-a-corpo com os militares colombianos, como pode-se ouvir nas rajadas de metralhadoras neste vídeo liberado pelo Ministério de Defesa da Colômbia, feito no momento da invasão ao acampamento pelos próprios militares da “Operação Fenix”. Segundo o comunicado emitido pelo Ministério da Defesa colombiano, “Com as coordenadas, a Força Aérea Colombiana procedeu a atacar o acampamento desde o lado colombiano, tendo sempre em conta a ordem de não violar o espaço aéreo equatoriano”. O embaixador da Colômbia ante a OEA, Camilo Ospina, confirmou: “As bombas foram disparadas da Colômbia, a uma distância aproximadamente entre 3 a 5 milhas da fronteira”.


E o cúmulo do cinismo da vestal ofendida de que não sabia de nada - como um certo ‘cumpanhêro’ do Foro de São Paulo -, fica demonstrado nesta correspondência de Raúl Reyes para os camaradas do Secretariado das FARC, datada de 18 de janeiro de 2008, da qual destaco alguns pontos (com a numeração constante na correspondência):


2. “Atendemos visita do Ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, doravante ‘Juan’, que em nome do presidente Correa trouxe saudações para o Camarada Marulanda e o Secretariado”. Expôs o seguinte:
1. Interesse do presidente de oficializar as relações com a direção das FARC através de Juan;
4. Ratificam sua decisão política de negar-se a participar do conflito interno da Colômbia com apoios ao governo de Uribe. Para eles, as FARC são organização insurgente do povo...;
11. Solicitam de nosso chefe e do secretariado uma contribuição que impulsione sua gestão em favor da permuta, que pode ser entregue ao presidente Correa, o filho do professor Moncayo ou algo que permita dinamizar seu trabalho político;
12. Dariam documentação e proteção a um nosso, para que adiante em seu país o trabalho de relacionamento, que a seu critério deve ser discreto por riscos de uma captura ou assassinato por parte de agente de Uribe”.


Chega. Este moleque cínico manda um seu ministro negociar com o chefão das FARC – levando saudações -, objetivando unicamente melhorar sua imagem política; afirma interesse em estreitar relações com o bando terrorista; oferece documentos falsos para que um terrorista transite legalmente entre seus compatriotas e depois quer posar de vítima agredida nessa história sórdida e imoral? E este sujeitinho abjeto não tem um pingo de constrangimento em usar a vida um refém para fins pessoais e ainda tem a cara de pau de chamar isto de “gesto humanitário”?


A farsa do “não sabia” não pára por aí. Na terça-feira passada o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, fez uma intervenção no Senado daquele país para explicar o caso da “violação do território equatoriano” e informou a quantidade de vezes que notificou as autoridades equatorianas sobre a presença das FARC em seu país. Segundo Santos, desde o ano de 2004 documentaram-se 39 casos nos quais membros das FARC atacaram a Força Pública colombiana desde o outro lado da fronteira. Neles, resultaram mortos 20 soldados e policiais, 16 feridos e 1 soldado foi seqüestrado. O mais grave foi o ataque a Teteyé, Putumayo.


Desde 2006 até a presente data, foram enviadas 11 cartas através da COMBIFRON (Comissão Binacional de Fronteira – integrado por policiais, militares e representantes das chancelarias do Equador e Colômbia) ao governo equatoriano sobre a presença das FARC nesse país, ou do ataque a membros das Forças Militares e Polícia da Colômbia. O Equador negou essa presença e em outras ocasiões sequer respondeu. O governo colombiano enviou 10 comunicações a autoridades equatorianas e 16 notificações, todas elas sobre a presença das FARC naquele país mas só algumas foram respondidas. O Ministério de Relações Exteriores da Colômbia enviou 8 comunicações, a primeira datada de 13 de abril de 2007 e a última de 25 de fevereiro de 2008; uma delas é sobre o ataque a membros da Polícia em Puente Internacional Río San Miguel, desde o Equador. A Armada também registrou contatos desde o lado equatoriano: 31 informes desde abril de 2004, até 4 de fevereiro de 2008. Observem que as datas dos últimos informes, tanto da chancelaria quanto da Armada, são posteriores ao contato de “Juan” (Gustavo Larrea) com as FARC e, ainda assim, Correa nega seus vínculos com o bando terrorista e alega que não sabia de nada.


Então veio a XX Cúpula de Presidentes do Grupo do Rio e os fanfarrões Correa & Chávez começam a baixar o tom, a ficar pianinho, pianinho depois que Uribe ameaçou denunciar Chávez perante a Corte Penal Internacional. Chávez pode ser tudo menos burro. Ele sabe que as acusações que pesam sobre ele, depois de conhecidos os documentos constantes dos computadores de Raúl Reyes, são gravíssimas e ele poderia ser condenado. Vejam estes dois vídeos: num deles o governador de Maracaibo, Giancarlo Di Martino, entregando suprimentos a guerrilheiros do ELN como se fossem de fato amigos; isto não foi noticiado no Brasil e na Venezuela o caso foi rapidamente abafado. O outro é de um guerrilheiro desertor, de codinome “Argemiro”, contando que parte dos fuzis AK 47 comprados por Chávez, foram para prover as guerrilhas das FARC. Ambos os fatos ocorreram no começo deste ano.


Chávez deve ter falado para seu boneco de ventríloco, Correa, que a situação deles estava insustentável então, depois de vociferar uma montanha de ameaças e imprecações no primeiro momento da Cúpula (faço aqui um parênteses: o mundo inteiro noticiou que Chávez havia mandado tropas e tanques para as fronteiras com a Colômbia, mas um repórter da CNN em Espanhol disse na sexta-feira passada, que visitou todas as cidades fronteiriças e a única coisa que houve foi o fechamento das fronteiras; os moradores não viram um só soldado, muito menos guarnições ou tanques. Outra basófia do fanfarrão!), quando Uribe teve direito à réplica colocando muito competentemente os pingos nos “ii”, apareceu um novo Chávez, todo conciliador e amigo, dizendo: “Vamos, homem, resolvamos isto e vejamos como completamos a troca humanitária!”. Mesmo assim, fez algumas solicitações e justificativas tentando tapar o sol com a peneira. Acusou o governo de Bush de estar por trás do conflito porque está de olho no petróleo da Faixa do Orinoco; pediu a Rafael Correa para se envolver na troca humanitária porque ‘podia ser que alguns dos seqüestrados fossem libertados no Equador’ (e não foi isto exatamente que foi pedir o “camarada Juan” a Marulanda?); que sendo soldado patrulhou em território colombiano porque as tropas venezuelanas participavam do conflito com as FARC.


Em outro momento Chávez diz que vai pedir às FARC que deixem a guerrilha para poder se transformar em partido político. Esta é uma jogada infame que nem Uribe nem a OEA podem aceitar porque, como partido político, este bando terrorista passa a ser uma organização legal e ter reconhecimento internacional mas vão continuar com o tráfico de drogas, o aliciamento de menores e tampouco vão abandonar a guerrilha. O plano é macabro e pretende lançar a candidatura à Presidência da República da Colômbia em 2010, da desqualificada “bolivariana” senadora Piedad Córdoba – que recebeu do próprio Chávez a nacionalização como venezuelana -, com o apoio das FARC já como partido político legal.


Depois disso o clima no encontro passou a ser o de “conciliação” com Chávez, Correa e Uribe se cumprimentando, selando o fim do conflito. Entretanto, o documento final da cúpula incluía um pedido formal de desculpas da Colômbia porém sem a condenação explícita do resto dos países. Segundo o texto, “a presença das FARC no território equatoriano era clandestina”. Parece uma boa solução mas os grandes vencedores deste conflito foram Correa e Chávez, uma vez que Uribe prometeu esquecer a ameaça de denunciar Chávez ante a Corte Penal Internacional. Não resta dúvida de que houve uma costura bem feita em que Uribe conseguiu evitar – por agora – uma guerra civil no continente que poderia ter conseqüências muito imprevisíveis, considerando que ele está praticamente isolado por não pertencer ao Foro de São Paulo, na verdade, o grande interessado nesse conflito e em proteger e promover criminosos narco-terroristas. Ficou claro, também, a superioridade de Uribe - em todos os sentidos –, mostrando que a Colômbia sim, tem um estadista, um homem digno, corajoso e firme do qual todos devem se orgulhar.


A nota dissonante (para alguns) nesse imbroglio, é a postura do Brasil ante fatos tão graves que quase nos levaram a uma guerra de conseqüências imprevisíveis. Amorim, o chanceler escalado para posar de pacificador, preferiu ficar em cima do muro mas deixando um recado meio velado a Bush de que “este é um conflito regional” onde os Estados Unidos não devem se meter. Ao lado disso, Lula foi o único presidente do bloco do Grupo do Rio que preferiu amenidades a ter que enfrentar a situação com um homem: acovardou-se solenemente porque ali não haveria como esconder suas preferências pelos parceiros no Foro de São Paulo – Chávez, Correa, Ortega -, mas também não poderia se queimar perante o mundo negando apoio a “meu amigo Uribe”. Covardia, omissão vergonhosa, cumplicidade com o narco-terrorismo, são as únicas justificativas que encontro; aliás, ficou visivel na fisionomia constrangida de Lula ao receber Correa em sua visita relâmpago ao Brasil, sem poder condenar oficialmente o governo da Colômbia.


E quando eu estava fechando esta edição recebi de um amigo uma matéria publicada hoje, pelo jornal El Universal, informando que documentos encontrados nos computadores de Raúl Reyes revelam prováveis vínculos das FARC na campanha eleitoral de Correa em novembro de 2006. Lembro que na ocasião eu afirmei minha certeza na vitória deste candidato porque ele, como tantos outros esquerdistas da América Latina, era o candidato do Foro de São Paulo e, conseqüentemente, das FARC. Uma das cartas encontradas é datada de 17 de setembro de 2006, antes do primeiro turno, cuja eleição ocorreu em 15 de outubro desse ano.


Segundo a publicação, trata-se de uma carta enviada por Raúl Reyes a Tirofijo em que o guerrilheiro ‘02” diz: “em nota enviada ao Secretariado explico sobre a ajuda à campanha de Rafael Correa de acordo com sua instrução”. Outra carta, datada de 12 de outubro de 2006, é uma enviada por Marulanda a Reyes, em que este indica que “o Secretariado está de acordo em proporcionar a ajuda aos amigos do Equador”. E mais adiante “A minha (de Marulanda) proposta foi a de 20.000 dólares, Jorge (seria Briceño, o “Mono Jojoy”?) propõe 100.000 dólares e oferece 50.000 e me autorizou para consegui-los com Joaquín (Joaquín Gómez, substituto de Reyes?) e fazê-los chegar até você. Se você tem a possibilidade de consegui-los emprestado com uma Frente [das FARC] enquanto começamos a fazê-los chegar para reembolsá-los, melhor. Aos amigos lhes pode fazer saber imediatamente antes que seja tarde, a quantia da ajuda e com esta notícia eles podem trabalhar conseguindo um empréstimo enquanto chega o nosso para cancelar o empréstimo”, acrescenta o chefe máximo da guerrilha.


Uma dessas cartas foi lida por Uribe durante a cúpula, de frente para Correa, que de imediato rechaçou a versão qualificando-a de “infâmia”. Bem, espernear é fácil; quero ver provar que é mentira, pois amanhã chegam membros da Interpol de várias partes do mundo para analisar a autenticidade dos documentos encontrados nos computadores de terrorista Raúl Reyes. Bem, será que vão encontrar também as doações que Oliverio Medina teria supostamente feito ao PT, para a eleição de Lula em 2002? Se calhar, foi por isso – além de serem “cumpanhêros” no Foro de São Paulo – que o governo brasileiro concedeu status de “refugiado político” a este terrorista criminoso das FARC...
Fiquem com Deus e até a próxima!


Vídeo do Ministério da Defesa da Colômbia, colhido do site Defesa Net. Comentários e traduções, Graça Salgueiro.




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