segunda-feira, 12 de junho de 2006


É com prazer que trago hoje textos de dois bravos e queridos amigos venezuelanos: Alejandro Peña Esclusa, e Aleksander Boyd que, coincidentemente, falam de esperança e incutem coragem aos seus compatriotas neste ano difícil em que vão se realizar eleições presidenciais. E por que chamo de “coincidência”? Porque foram escritos em momentos e circunstância diversas mas, entretanto, casam-se perfeitamente bem e servem como uma luva para nós brasileiros, posto que estamos entrando em situação semelhante à da Venezuela.


O artigo do Aleksander, para quem não acompanhou o processo, diz respeito a acusações que ele sofreu no mês de maio em decorrência de quatro entrevistas que ele deu a rádios e tvs de Londres, ocasião em que Chávez visitou a Inglaterra. Por ter falado abertamente quais eram os planos políticos de Chávez, de transformar a Venezuela numa sucursal de Cuba, foi rotulado de “terrorista” e outras sandices do gênero.


Além desses dois artigos o Notalatina traz hoje mais um vídeo, EXCLUSIVO E INÉDITO NO BRASIL da entrevista feita por uma televisão espanhola com o General-de-Divisão Néstor González González desde um ponto clandestino na Venezuela, em que ele fala sobre todo o processo de comunização de seu país através dos acordos entre Chávez e Fidel Castro, da penetração e cobertura de chefões e guerrilheiros das FARC em território nacional, da sua situação atual tendo que viver na clandestinidade e longe da família mas, o mais importante, sobre as fraudes eleitorais e as eleições presidenciais que se realizam em dezembro deste ano.


Com relação a essas eleições ele faz um alerta muito grave, afirmando que há candidatos da oposição que estão recebendo dinheiro do Governo para candidatar-se, para dar a impressão ao povo que a disputa é legítima e demovê-los da abstenção como houve no ano passado. Com isso, legitima-se o processo eleitoral e mostra-se ao mundo uma falsa realidade, sobretudo aos observadores que sempre participam desses eventos e para as televisões mostrarem ao mundo uma “democracia consolidada”.


Mas não quero me alongar muito descrevendo o vídeo. Convido-os a assistirem porque há muita correlação com a nossa vivência atual, considerando que tanto Chávez quanto Lula pertencem ao Foro de São Paulo, cujas determinações são seguidas a risca, coisa que denuncio praticamente desde o primeiro dia em que criei o Notalatina.


Não sei explicar porquê mas o link para baixar o vídeo está dando problema quando clicado, portanto, sugiro que copiem e colem no seu navegador porque assim não dá qualquer erro; eu tive o cuidado de testar antes de publicar: http://www.epoca.es/video/videoh.html.


Não deixem de assistir! Fiquem com Deus e até a próxima!


A importância do intangível


Alejandro Peña Esclusa


Nesta hora difícil que a Venezuela vive, quando está em jogo a sobrevivência mesma da Nação, é hora de falar de assuntos transcendentes, de temas intangíveis, porém de grande valor moral, justamente os que se requerem para enfrentar os duros momentos que se avizinham.


Tenho a obrigação de dizer aos venezuelanos, como muitos já se deram conta, de que não existe saída eleitoral para a crise; que Chávez jamais entregará o poder pacificamente; e que – mais triste ainda – a oposição não se porá de acordo em uma estratégia comum porque, lamentavelmente, os interesses pessoais estão acima dos interesses da nação.


Entretanto, como expliquei em um recente artigo, Chávez cairá inexoravelmente pelo fracasso moral e ideológico de seu projeto, infestado de ineficiência, corrupção, enfrentamentos internos e o rechaço nacional e internacional. Esta queda não será o resultado de uma estratégia eleitoral, mas de uma rebelião generalizada do povo venezuelano, cansado de ter como governante um homem ao qual o país não interessa, senão exportar a revolução cubana ao resto do continente.


Quando isso ocorrer, Chávez tentará reprimir a população com o uso cruel e desmedido da violência. Para tal, os venezuelanos devem estar preparados psicologicamente para resistir, defender seus direitos e salvar a democracia.


E essa preparação psicológica, de vital importância para obter a vitória, não se consegue falando de primárias, de candidato único, de táticas eleitorais e de outros temas parecidos. Consegue-se falando de assuntos transcendentes como, por exemplo, o sentido da vida, o amor a Deus e à pátria, a missão da Venezuela como nação, a importância de lutar pelas futuras gerações, embora a custa de arriscar a própria vida, quer dizer, de temas que transmitam um sentido de grandeza e de vitória, de temas que levantem o moral dos venezuelanos.


Querido compatriota: se avizinha um desenlace, porém tem fé em tua Pátria, nas tradições dos venezuelanos, nas virtudes que sempre nos adornaram como nação. Tem fé em que, apesar dos erros cometidos, temos um coração grande; tem fé que merecemos algo melhor.


São estas reflexões – de caráter intangível, porém de uma força enorme – as que te darão as ferramentas para defender a Venezuela e para construir um futuro melhor.


Venezuela, não tenha medo!


Aleksander Boyd


Londres, 09.06.06 – Há um par de dias lhes comentava sobre a petição que encaminhei contra o prefeito de Londres por haver-me acusado de terrorista. As respostas de muitos de vocês me enchem de coragem e abastecem meu espírito. Devo, todavia, fazer uma reflexão sobre o que percebo como o temor generalizado que se instalou na psique dos venezuelanos, pois me parece que o chavismo já teria conseguido seu principal intento, que não é outro senão paralizá-los, inoculando-lhes medo em doses homeopáticas.


Não temam meus queridos compatriotas, pois aqueles assistidos pela razão e pela justiça nada têm a temer. Nada nem ninguém se interporá em nossa vereda libertadora; não há chavismo capaz de tal empreendimento, pois eles não são movidos pela absoluta convicção e disposição de lutar por sua liberdade, senão mais precisamente pelo desejo ruim e mundano de rapina, de destruição, de desrespeito, em suma, não há lealdade entre o atalho de assassinos que momentaneamente controla o poder.


Por isso é mister convencer-se de que aquele que trabalha com maldade, a paga nesta vida ou na outra. Vejam por exemplo o caso do diz-que-diz do magistrado Alvaray; notem como entre eles a coisa é mais feroz do que jamais foi contra a nobre e digna sociedade venezuelana. E sabem por que? Porque a fome de poder e ódio acumulados por várias décadas é mais forte que o senso comum e a decência. O produto da fome endêmica, desestabilidade familiar e emocional são os ressentidos sociais que hoje se auto-denominam bolivarianos. Para muitos deles a revolução representou a oportunidade jamais conseguida por méritos e esforço próprios. Porém, isso não deve compungir-nos ou intimidar-nos; não! Ao contrário, indivíduos tão deficientes não representam uma ameaça. Não estamos em presença de seres educados que decidiram tornar-se figuras de dominação mundial (a esses deve-se temer), mas lidando com ladrões, com malandros de esquina, com bêbadozinhos de botequim barato, com cadetezinhos medíocres de província, com párias que são valentões apenas ante suas pobres mulheres na segurança de suas casas.


Não temas, Venezuela; não há motivo. Não ouses baixar a cabeça ao apátrida e seu chulo cubano. Se for necessário desvia o olhar, recobra as forças e adota, consciente de todo o teu poder, postura firme ante o compromisso. Tua liberdade e a de teus filhos valem a pena o sacrifício.


E não se preocupem comigo, uma vez que nesta sociedade as leis não estão presas aos desígnios autoritários de políticos indginos.


Traduções e comentários: G. Salgueiro