terça-feira, 31 de dezembro de 2002

O Notalatina faz sua última edição do ano de 2002, ano de sua criação, e não podia deixar de registrar um profundo e reconhecido agradecimento a todas as pessoas que creram na seriedade dos propósitos aqui firmados, cujo único objetivo era, sendo fiel à Verdade, revelar ao mundo as atrocidades cometidas contra seres humanos que vivem sob o jugo do socialismo-comunismo na América Latina.



Em decorrência da seriedade deste trabalho, ampliei o leque de correspondentes, fiz novos e caros amigos e, malgrado as inúmeras dificuldades tantas vezes surgidas em conseqüência das denúncias feitas, posso virar a página do ano com a sensação do dever cumprido. Queria ter feito mais, queria ter informado mais, mas as limitações deste tipo de veículo muitas vezes me levaram a omitir alguma notícia importante, por ter de eleger aquilo que me parecia mais grave ou mais urgente para o momento. Assim foi com Cuba, por um bom tempo, a campeã em desrespeito aos direitos mais elementares do Ser Humano, aliás, foi precisamente por causa do sofrimento do povo cubano que me senti motivada a criar o Notalatina, e é a este povo que devo a existência deste blog hoje.



A partir de janeiro o Notalatina vai entrar em recesso, mas isso não significa que ficará ausente o mês todo. Diante da caótica e temível situação venezuelana, este informativo ficará de plantão, sempre alerta a qualquer fato novo e entrará em edição extraordinária sempre que se fizer necessário, pois o compromisso de informar não conhece férias.



Reiterando os agradecimentos a todos que colaboraram e contribuíram para que o Notalatina se tornasse uma realidade respeitada entre os latino-americanos, meus votos de um ano novo pleno de paz, não a das hipócritas pombinhas brancas, mas aquela a que todo ser humano merece, numa vida com dignidade, liberdade e honra.

FELIZ ANO NOVO!



UMA MESCLA DE CONVIDADOS ASSISTIRÁ A INVESTIDURA DE LULA



Ex-guerrilheiros e socialistas de origem humilde estarão na próxima quarta-feira junto a nobres, empresários e políticos da direita, entre os convidados à investidura de Luis Inácio Lula da Silva como presidente eleito do Brasil.



A cerimônia oficial de posse e a festa popular para os seguidores de Lula, segundo seus organizadores, reunirá umas 500.000 pessoas em Brasília, entre elas 12 presidentes e chefes de Estado, dentre outras autoridades.



O Ministro de Relações Exteriores brasileiro informou hoje que confirmaram sua presença os presidentes da Argentina, Eduardo Duhalde; Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada; Chile, Ricardo Lagos; Peru, Alejandro Toledo; Uruguai, Jorge Batlle; Venezuela, Hugo Chávez; Portugal, Jorge Sampaio e África do Sul, Thabo Mbeki. A chancelaria acrescentou que o Príncipe Felipe, herdeiro da Coroa espanhola representará a Espanha nos atos de tomada de posse, aos quais também assistirão os primeiros-ministros de Portugal, José Manuel Durao Barroso – que hoje reuniu-se com Lula –; Belize, Said Nuzio D’Angieri; Guyana, Samuel Hinds; Suécia, Goeran Person e Sérvia, Zoran Djindjic.



O representante do presidente americano, George Buch, será o titular do departamento comercial da Casa Branca, Robert Zoellick, e o presidente francês, Jacques Chirac, enviará seu Ministro do Turismo, Leon Bertrand.



”Teremos juntos membros da nobreza européia e outros sem sangue azul e nascidos no terceiro mundo”, comentou o porta-voz da chancelaria. O funcionário aludiu as presenças do Príncipe Felipe e Lord Williams of Mostyn, presidente da Câmara dos Lords do Reino Unido, e do presidente sul-africano, um ex-ativista contra a segregação racial em seu país, onde nasceu em um berço modesto.



A reunião de autoridades com origens e orientações políticas tão distintas é uma mera casualidade que se deve aos pedidos apresentados pelas embaixadas de 69 governos que querem marcar presença na posse.



”A verdadeira miscelânea ficou a cargo do Partido dos Trabalhadores”, disse o diplomata ao comentar os convites feitos pelo partido de Lula e principal força socialista do país.



Entre os convidados de honra do PT à cerimônia de 1º de janeiro, encontra-se o ex-Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional. O presidente eleito do Equador, Lúcio Gutiérrez, vencedor das eleições presidenciais de outubro passado, é outro personagem que Lula quer ver em sua tomada de posse.



A Embaixada do Equador em Brasília esclareceu, todavia, que o ex-coronel que há dois anos encabeçou um golpe de Estado que depôs o presidente constitucional do país andino, Jamil Mahuad, não assistirá por motivos de agenda.



Gutiérrez não é único ex-golpista convidado por Lula. O ex-sindicalista, segundo seus assessores, “alegrou-se” ao saber que o presidente venezuelano confirmou sua presença. Chávez, além disso, terá uma reunião com Lula um dia depois da posse. A alegria do novo presidente brasileiro será completa se o presidente cubano, Fidel Castro, com quem Lula tem carinhosamente mantido uma amizade de anos, confirmar sua presença.



Fonte: El Nacional



O GENERAL DA GUARDA NACIONAL VENEZUELANA, CARLOS ALFONSO MARTÍNEZ, É PRESO SOB PROTESTOS E VIOLÊNCIA



CARACAS – O general venezuelano da Guarda Nacional (GN) Carlos Alfonso Martínez, um dos oficiais rebeldes que desde o dia 22 de outubro ocupam a Praça Altamira de Caracas, foi detido pela polícia de segurança do Estado (DISIP). Os distúrbios cusaram ao menos quatro feridos. Aliados e opositores ao Governo de Hugo Chávez enfrentaram-se em frente a sede da DISIP. A Polícia Política lançou gases lacrimogênios; até o momento há quatro feridos. Um deles recebeu uma pedrada na cabeça que o deixou inconsciente e com crise convulsiva.



Em virtude da prisão do general, um grupo de opositores se deslocou à sede da DISIP do Helicoide, e foi dispersado com bombas lacrimogênias desde dentro da sede, ao aproximar-se desta instalção. Minutos depois um grupo de pessoas ligadas ao Governo de Chávez se apresentaram na zona e começaram a lançar pedras contra os manifestantes e jornalistas que ali se encontravam. A partir daí, teve início um enfrentamento entre ambos os grupos, que, apesar de ter durado mais de 15 minutos, não contou com a presença da polícia do município de Libertador.



A detenção



As mídias locais assinalaram que Martínez foi surpreendido em uma zona central da capital, muito distante da praça, considerada pelos militares rebeldes como ”zona liberada” e perto do Comando Geral da GN. O general, que ocupou cargos de alta responsabilidade na GN, tem aberto um processo de investigação como acusado de participar no golpe de Estado do 11 de abril passado, contra o presidente Hugo Chávez.



O Governo assinalou que não tomaria medidas contra os oficiais rebeldes enquanto estivessesm na praça que mantêm ocupada, com o fim de cercear-lhes o protagonismo e não criar tensões que pudessem convertê-los em “mártires” da oposição. No momento desconhecem-se as razões pelas quais Martínez abandonou Altamira e se aventurou longe dessa praça.



Paradeiro incerto



O general insurrecto foi levado à sede da DISIP, porém versões difundidas pelas mídias locais, apontam que ele será transferido à Direção de Inteligência Militar (DIM). A presença de Martínez e seus companheiros em Altamira foi criticada pelo secretário geral da OEA, César Gaviria que os intimou a deixar o uniforme para dedicarem-se à política. Gaviria também assinalou que sua ação foi “símbolo de desobediência, indisciplina e insurreição”, enquanto que a OEA disse em um comunicado que a iniciativa dos oficiais infringe o artigo quarto da Carta Democrática Interamericana.



Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com



Desde o começo deste ano venho recebendo informes da Venezuela, muitos dos quais falavam de planos terroristas articulados entre Chávez e seu mentor Fidel Castro, inclusive sobre o Eixo do Mal, que envolvia além desses dois personagens, o Sr. Lula da Silva, denunciado posteriormente pelo Dr. Constantine Menges e que foi violentamente atacado aqui no Brasil por toda a imprensa e censurado pelo então candidato Lula, durante o período de campanha. As supostas “difamações” do Dr. Menges confirmam-se agora, com o apoio que o presidente brasileiro vem dando, escancaradamente, ao presidente Chávez.



Diante da atual situação crítica que atravessa esse país, mais e mais suspeitas foram levantadas acerca do envolvimento de cubanos na ofensiva contra os opositores de Chávez. Hoje recebemos um informe, segundo consta no artigo, que agentes da Inteligência venezuelana confirmam e denunciam a presença de agentes secretos e guerrilheiros cubanos na Venezuela, aguardando ordens para agir. O Notalatina publica o artigo tal e qual foi recebido. Se ele é verdadeiro ou não, só o tempo poderá dizer, embora tudo o que está escrito seja bastante convincente .



Ainda nessa edição de hoje publicamos uma análise do Gen. Enrique Medina Gómez que foi adido militar em Washington, numa entrevista exclusiva ao jornal El Nuevo Herald.



A DIREÇÃO GERAL DE INTELIGÊNCIA CUBANA OPERA EM VÁRIAS DAS SEÇÕES DE CONTRA-TERRORISMO E ANÁLISE DE INTELIGÊNCIA DA DISIP DA VENEZUELA



”Fontes da inteligência informam que experientes guerrilheiros urbanos já foram incorporados às forças dos Círculos Bolivarianos, centenas dos quais têm recebido treinamento em Cuba e na Líbia como “ativistas sociais”. Forças Especiais de Choque, chamadas Tupamaros e Carapaica encontram-se secretamente aquarteladas em casas de segurança em Caracas”



Por Martin Arostegui



De Caracas, VENEZUELA

Insight Magazine



Grupos de Operações Especiais da Direção Geral de Inteligência de Cuba (DGI) encontram-se já posicionados no Porto de La Guaira, de acordo com fontes da armada venezuelana, os quais informam que agentes secretos cubanos utilizam a escola da marinha mercante na localidade.



Segundo fontes consultadas por La Nueva Cuba, o ditador não estaria doente, mas em seu “bunker”, dedicado por inteiro e obsessivamente a dirigir ”A Batalha da Venezuela”.



As fontes reportam que parte de sua missão poderia consistir em estudar a frota mercante de navios petroleiros venezuelanos, como parte da elaboração de um plano de contingência para se preparar para passar o controle de algumas das naus para mãos de um oficial de inteligência venezuelano, treinado nos Estados Unidos. Uma unidade especial de assalto cubana já se deslocou e ocupa os segundo e terceiro andares do Hotel Sheraton em La Guaira, os quais também poderiam tomar parte nos planos para romper a greve e impor uma ditadura terrorista. Durante as semanas anteriores, Chávez deu passos concretos para controlar o Estado Maior do Exército venezuelano, com seus acólitos mais próximos. O General Luis García Carneiro, que se encontrava à frente da Terceira Divisão de Infantaria, com sede em Caracas, e que dirigira a operação de intervenção da polícia metropolitana, converteu-se, de fato, no chefe efetivo do Exército. Possivelmente milhares de terroristas de origem árabe, assim como membros das forças armadas da narco-guerrilha colombiana encontram-se dentro do território venezuelano, sob a proteção da DISIP, a qual já se encontra sob o controle da Direção Geral de Inteligência (DGI) de Cuba, de acordo com informações fornecidas por membros da Inteligência venezuelana.



Diplomatas europeus em Caracas confirmaram que os cubanos estão operando nas seções chave de Contra-terrorismo e Análise de Inteligência da DISIP da Venezuela. De acordo com várias fontes, entre 300 e 400 assessores militares cubanos, coordenados pelo Adido Militar de Havana na Venezuela, o capitão de navio da Sergio Cardona, também têm a seu cargo a direção das forças de elite da Guarda Presidencial e do mais estreito círculo de guarda-costas de Chávez, alguns dos quais não podem sequer, cantar uma palavra do hino nacional da Venezuela.



Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com



PERIGO DE GUERRA CIVIL NA VENEZUELA



Rui Ferreira – El Nuevo Herald – Caracas



Um general do Exército venezuelano, dissidente do governo do presidente Hugo Chávez, advertiu ontem que vislumbra seriamente a possibilidade de uma guerra civil ante o crescente e aparentemente irreversível processo de radicalização da crise socio-política. “Há três meses não tinha sentido rascunhar dentro de nossos cenários o d guerra civil, porém neste momento sim, há que considerá-lo”, assegurou o Gen. de Divisão Enrique Medina Gómez, ex-adido militar em Washington, em uma entrevista exclusiva com o El Nuevo Herald.



Segundo o alto oficial, que foi demitido de suas funções após a fracassada tentativa de golpe de estado em 11 de abril passado, um desfecho fratricida entre venezuelanos é possível porque em seu país nestes dias estão presentes ”todas as variáveis que concorrem para um estouro de violência tipo guerra civil”.



Medina Gómez explicou que o processo de radicalização está ocorrendo em ambas as partes, porque trata-se de um “jogo de soma zero”, onde tudo se resume a “ganhar ou perder”, sem “meios termos”. ”O governo rdicaliza sua posição para impor sua vontade, porém a oposição está radicalizando a sua para tratar de sair deste governo e evitar que este lhe imponha sua vontade, que para a oposição significa o estabelecimento de um regime de terror, de uma ditadura ao melhor estilo castro-comunista”, disse o alto oficial. Medina Gómez juntou-se aos oficiais rebeldes que ocuparam há 64 dias a central Praça França, no bairro de Altamira, em demanda da renúncia do mandatário.



Em sua opinião, ”a oposição, que já é a grande maioria, está lutando contra algo que é um princípio, e para recuperar um regime de liberdade e democracia”, em um país onde o mandatário ”seqüestrou o poder judiciário, os tribunais deixaram de ser independentes e a separação de poderes um chiste”.



Para conseguí-lo, acrescentou, Chávez também radicalizou seu discurso, e assim ”não há pontos de encontro para conseguir uma saída para a crise política. Na medida em que avança o tempo, com a situação da parada que há, a falta de abastecimento de gasolina e de comestíveis, vamos avançando nesta espiral de violência e então podemos cair no caos”. E mais, ”vamos direto ao caos e à violência. Se não conseguirmos uma saída política, dentro da margem de manobra que ainda existe, se imporá o caos”.



O general, que encontra-se na ativa por um amparo judicial, em que pese a tentativa presidencial de passá-lo para a reserva, afirmou que Chávez ao tratar de impor sua polêmica revolução bolivariana, dividiu a população e pôs a lutar uns contra os outros.



”Um aspecto muito importante que define a radicalização da sociedade é o discurso e as atuações do presidente. Desde o início de seu mandato ele tomou como estilo de fazer política, a confrontação. O Presidente gerou através de suas atuações uma confrontação permanente. O presidente não é um facilitador nem um conciliador; é um confrontador”, disse.



Segundo explica, a todo sinal de dissidência interna Chávez respondeu com o enfrentamento e um exemplo prático deles é a formação de associações “bolivarianas” de governadores ou de municípios, onde congregou mandatários regionais e locais partidários seus, e assim desativou toda a capacidade de enfrentar o governo central.



”Isto não se manifestou somente dentro das Forças Armadas, mas em todas as organizações sociais. No movimento trabalhador, os sindicatos que de alguma maneira expressaram que não eram anti-chavistas, porém expressaram posições contrárias às propostas do governo, o presidente as enfrentou criando organizações de sindicatos de trabalhadores que respondiam aos interesses do governo. Fez o mesmo nas universidades, nos colégios e nas Forças Armadas”, disse.



Assim mesmo enfatiza que “quando os dividem, então já não há meios de cheguem a um acordo e vão estar enfrentados e esse enfrentamento vai-se refletindo de maneira progressiva e, com o tempo, chega até às famílias.



A aparente impunidade com que o mandatário tem podido controlar em certa medida a sociedade, deve-se também, admitiu Medina Gómez, ao fato de que Chávez tem sido exitoso ao controlar o Exército em favor de seu projeto político.



”Do contrário, as Forças Armadas não estariam sendo co-responsáveis pela debacle que há neste momento no país. [Chávez] conforma um grupo duro de pessoas que evidentemente não compartilha dos princípios da profissão militar, mas que está compartilhando princípios revolucionários de adesão a um regime e com uma fidelidade a uma pessoa”, disse.



Fonte: El Nuevo Herald



domingo, 29 de dezembro de 2002

UM FORO DE FURA-GREVES



Eleonora Bruzual*



Caracas – Venezuela



Lula da Silva não enrugará o senho quando se lhe pergunte pelo “eixo” Castro-Chávez-Lula, pois já não faz falta. Honrará seu mestre e assessor internacional, Marco Aurélio Garcia que lhe ensinou que: ”A democracia é simplesmente uma farsa para tomar o poder”. Garcia, trotskista militante, compartilha do drama chileno, iniciando-se na década de 70, quando traficar armas, violar a soberania e ser parte de uma internacional invasora não era mais que o passo seguinte para ganhar umas eleições, pequeno detalhe que definiu como ”meramente um requisito”.



33 anos depois, este brasileiro divorciado da tradição de uma chancelaria emblemática, chama a si a destruição do Itamaraty e sua prática diplomática de antepor cautela e cuidado, sem esquecer nunca a importância da não ingerência estrangeira, chega em meu país, Venezuela, e põe em prática o que aprendeu em suas articulações com violentos, terroristas e desestabilizadores.



Garcia, criador do Foro de São Paulo por ordem expressa do tirano cubano, disse da imprensa e do jornalismo venezuelano: ”Os meios de comunicação estão absolutamente articulados em torno da oposição, com propaganda o tempo todo contra Chávez. Os telespectadores brasileiros não têm idéia do que é a utilização político-partidária da imprensa neste país”, deixando claro que também o homem e a mulher da nação brasileira desconhecem o que Castro impõe como políticas informativas, ou o que são as mídias em qualquer país sob o controle férreo comunista. Este comissário político nega-se a se reunir com a Coordenadora Democrática**, bloco que agrupa a maioria dos partidos e instiuições opositoras, porém preocupa-se em começar a “Pagar” as dívidas contraídas por ele e o Presidente Lula, com um doente de poder que já possui seu prontuário de crimes de lesa humanidade, e um grosso dossiê de delitos contra o tesouro nacional.



Marco Aurélio Garcia, em nome do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, ofendeu a dignidade da maioria dos venezuelanos que não aceitamos passivamente nem a conversão de nossa nação em uma província cubana, nem tampouco em uma sucursal do Foro de São Paulo. Ofende ler que o Sr. Lula diga: ”todo mundo tem direito de fazer uma greve; nós (o PT) no Brasil já fizemos muitas greves, porém esse não é o único aspecto do problema venezuelano: o tema aqui é que há um setor da oposição que trabalha com uma única e só possibilidade que é deitar abaixo um governo constitucional”.



Não, Presidente Lula, não Marco Aurélio Garcia, comissário político! Esse navio “Explorer Amazon” da Petrobras, que enviaram a meu país, carregado de 520.000 barrís de gasolina, lhes converteu em algo que nós, herdeiros da galhardia de Simón Bolívar, desprezamos. Li que o Sr. disse: ”No princípio de minha vida política me perguntaram se eu era comunista. Respondi que era torneiro mecânico”. Com todo o respeito que o Sr. merece, Excelentíssimo Presidente, agora pode asseverar que além de comunista, o Sr. é um sindicalista muito sui gêneris, o Sr. é um Fura-greve.



(*) Jornalista, colunista dos jornais El Universal de Caracas e El Nuevo Herald. Editora da Web Magasine ”Mulheres do Terceiro Milênio” – www.mujereslegendarias.org.ve



(**) O Sr. Marco Aurélio Garcia disse ao presidente Lula que “falou também com a oposição, com sindicalistas (os principais estão na oposição)” e ainda disse que “a oposição não tem razão para reclamar. Eles não podem exigir, porque demos à oposição e ao governo o mesmo tratamento" (Folha de São Paulo, 27.12.2002). No entanto, não é isso que informam TODOS os venezuelanos que se encontram na oposição. Eles queixam-se, exatamente, de que este Sr. não os ouviu, em nenhum momento de sua visita, limitando-se a conversações com o mediador da ONU, César Gaviria e com Chávez. Obs. do Notalatina)



ALERTA PETROLEIRO



Uma vez mais os trabalhadores petroleiros demos uma mostra da unidade que nos permite manter-nos firmes em nossa decisão cidadã de continuar na Parada Cívica. O entusiasmo e solidez que os venezuelanos puderam observar na Assembléia de hoje, é a força que nos impulsiona aos que trabalhamos dentro da indústria petroleira nacional, para continuar firmes no exercício de nossos direitos cidadãos que nos brinda a Constituição Nacional.



O senhor Hugo Chávez Frías está utilizando os meios de comunicação do Estado para atuar contra os trabalhadores petroleiros e o país. Da mesma maneira pretende colocar todos os poderes públicos para que atuem contra os trabalhadores petroleiros, sem importar-se em passar por cima das leis nacionais e normas internacionais.



O conflito da Indústria Petroleira ultrapassa as barreiras das instalações e negócios da PDVSA. O que suceda com a PDVSA, o viveremos todos os venezuelanos em cada uma de nossas casas, pois a PDVSA é a base da economia da Venezuela. Convidamos a todos os venezuelanos a refletirem acerca do que sucederia no país se deixemos que este governo consiga seu objetivo de manter seqüestrada a indústria petroleira.



Explique ao país, sr. Hugo Chávez, se o navio Pilín León descarregou o combustível em Maracaíbo, por que o desabastecimento nessa zona continua? Para normalizar a distribuição de gasolina no país seria necessário repôr uns 2 milhões e meio de barrís, a realidade é que o governo faz esforços para distribuir escassos 500 mil. Portanto, uma vez mais este governo mente aos venezuelanos, quando nos promete que o abastecimento de gasolina estará normalizado para o fim de semana e não é assim.



O governo de Hugo Chávez assegura que descarregará gasolina em Carnero. Advertimos que nesta usina foi descarregado a nafta catalítica, pelo qual continua o risco permanente de contaminar a gasolina e, em conseqüência danificar os veículos dos cidadãos.



O governo de Hugo Chávez assegura que a tripulação do Bárbara Palacios contribuiu voluntarimente à descarga do combustível. A realidade é que a tripulação deste navio foi vítima de agressões físicas e verbais, e ameaças intimidatórias. Inclusive, o governo ignorou uma ordem da Cruz Vermelha em relação a baixar a tripulação com urgência, para que recebesse atenção médica imediata.



O governo disse que o abastecimento de Yagua no estado de Carabobo manteve-se operativo durante todo a quarta-feira 25. Novamente o governo tenta enganar-nos com panos quentes. Como se explica, então, que ainda permaneçam as filas nas estações de serviços dos estados do centro do país?



Senhor Hugo Chávez Frías, aceite de uma vez por todas que até que no país não se normalize a segurança nos terminais, a operação normal dos navios e das refinarias, e que os postos de gasolina estejam distribuindo de maneira contínua, a realidade é que 4 de cada 5 veículos não disporão de combustível de maneira regular.



Aplaudimos a criação na Assembléia Nacional da Comissão de Apoio e Segmento à Mesa de Negociação e Acordos. A tomamos como um despertar de nossas instituições e esperamos que a criação desta comissão agilize as decisões desta mesa, na qual os venezuelanos temos todas as nossas esperanças para buscar uma saída eleitoral a esta crise.



Condenamos os reiterados assinalamentos do Executivo, especialmente através do canal do Governo, com relação a nossa suposta intenção de privatizar a PDVSA. Os trabalhadores petroleiros nos sentimos verdadeiramente orgulhosos de que a Petróleos da Venezuela seja uma empresa do Estado e que graças ao esforço de seus trabalhadores tenha chegado a ser a empresa eficiente que os venezuelanos e o mercado internacional reconhecem.



A campanha de descrédito empreendida pelo governo em relação aos custos e contribuição fiscal da PDVSA, só busca debilitar a credibilidade que os trabalhadores petroleiros temos ganhado contribuindo pontualmente nos diferentes governos, nos fundos que têm sustentado a economia do país. Todas as cifras da PDVSA têm sido auditadas permanentemente há quatro anos por este governo e todas têm sido aprovadas.



Ratificamos ao país que 95% da produção de petróleo bruto da Venezuela está fechada. Dos 3,2 milhões de barrís diários que o país produz normalmente, hoje se produzem escassamente 160 milhões. 90% da produção diária de gás está fechada. No país produzem-se em situações normais 9.400 milhões de pés cúbicos, e hoje só dispomos de 850 milhões de pés cúbicos para cobrir o setor doméstico, elétrico e outros serviços estratégicos.



Advertimos o país que as instalações da Petróleos da Venezuela já não estão sob nosso controle, e que sobre elas já não decidimos nem temos poder de direção. O controle sobre as instalações é absoluta responsabilidade de Alí Rodríguez Araque, Rafael Rmírez e Hugo Chávez. Em consequência, tudo o que ocorra em nossas instalações será de absoluta responsabilidade de quem hoje em dia exerce o comando da PDVSA, violentando todas as normas nacionais e internacionais em matéria de segurança, ambiente e legislação marítima.



Os trabalhadores petroleiros intensificaremos, conjuntamente com a sociedade civil as ações de rua, mediante a constituição de Assmbléias de Cidadãos, com a finalidade de assumir o exercício direto da democracia participativa e protagônica. Igualmente acordamos constituir uma Comissão de Ação Social para continuar canalizando as iniciativas dos trabalhadores petroleiros, orientadas a fortalecer nossa contribuição com as comunidades.



sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

O Notalatina pede desculpas pela ausência de edição dos dias 25 e 26, mesmo tendo um vasto material para divulgar; todavia, problemas de ordem técnica me impediram de informá-los sobre os últimos acontecimentos na Venezuela.



Nesses dois dias muitas coisas aconteceram. O que tem chamado mais a atenção, sobretudo dos venezuelanos, nos episódios relacionados à greve geral, é o comportamento do presidente eleito do Brasil que, através do seu emissário, Marco Aurélio Gracia, ofereceu a Chávez gasolina e técnicos da Petrobras para ajudá-lo a sair da crise, provocando a indignação geral dos opositores que têm manifestado seu repúdio com veemência, à solidariedade do brasileiro para com o “companheiro”.



Com relação à situação dos petroleiros, Cuba não fica atrás na presteza; enviou pessoal da confiança de Fidel para ocupar o lugar dos marinheiros mercantes venezuelanos, o que provocou revolta entre os opositores. Chávez demitiu 90 marinheiros, ocasionando sérios problemas, pois alguns tiveram complicações cardíacas, com o choque da notícia, que necessitavam de cuidados hospitalares urgentes, segundo denúncia felta pela Cruz Vermelha Venezuelana, mas encontravam-se embarcados, porém presos em celas. Há alguns correndo risco de vida, mas, certamente, isso pouco importa ao “loco” Chávez.



São muitas as notícias mas, mesmo com o acúmulo de dois dias de informações, hoje divulgo apenas duas cartas: uma, intitulada “Manifesto de cidadãos venezuelanos aos povos do mundo”, escrita por Elizabeth Sanchez Vegas e outra que me foi enviada por uma amiga, escrita por um venezuelano, enderaçada ao presidente Lula, uma carta forte e contundente. Ambas são muito interessantes, entretanto, tenho ressalvas quanto ao “Manifesto”, pois omitiu um dado da maior importância (talvez o objetivo principal) nesse movimento cívico, que é a recusa absoluta de toda uma nação, à implantação do castro-comunismo em seu país. Isso é o eixo fundamental do movimento que foi capaz de unir patrões e empregados, civis e militares, homens e mulheres de todas as idades e classes sociais. O povo venezuelano diz NÃO ao castro-comunismo, e a prova mais eloqüente disso é o nível de suportabilidade para enfrentar a escassez de gêneros alimentícios e combustíveis, com resignação e paciência em filas quilométricas, e ainda com ânimo para ir às ruas protestar, por amor à pátria. Bravo povo venezuelano!

NI UM PASO ATRÁS!



MANIFESTO DE CIDADÃOS VENEZUELANOS AOS POVOS DO MUNDO



Caracas, 25 de dezembro de 2002



A Venezuela vive hoje a pior crise política, econômica e social de toda a história que nos levou à maior pobreza, desemprego, insegurança, violência e polarização entre venezuelanos, nunca antes conhecida. Para superar esta crise, democrática e pacificamente, a maioria dos venezuelanos só pede a Chávez uma saída eleitoral ou sua renúncia. Os venezuelanos não queremos um golpe militar nem intervenções alienígenas, nem nada que substitua os mecanismos democráticos. Só pedimos a realização de eleições livres.



Chávez, desde 1999, empreendeu um sistemático ataque contra os trabalhadores e seus sindicatos, os partidos políticos, inclusive alguns dos que o apoiaram, os meios de comunicação e jornalistas, os empresários e agricultores, a igreja, as próprias instituições do Estado quando se pronunciam contra si e todos os cidadãos.



Chávez não é um democrata; utiliza a plataforma democrática para tratar de impor-nos uma revolução pela qual o povo venezuelano não votou. Que o mundo não se engane. Chávez e o reduzido grupo que hoje o apoia, quer impor-nos uma revolução que não é pacífica porque não tem feito outra coisa que ofender, agredir e desqualificar. Que não é democrática, senão totalitária porque não entende de opositores, mas de inimigos a destruir, e que não é participativa porque nos exclui e nega-se a permitir a participação de todos na solução da crise.



Desde o ano de 2001 e até a presente data, distintos setores vêm empreendendo legítimas ações de protesto que gradualmente têm aglutinado à imensa maioria dos venezuelanos, como o demonstram as marchas e concentrações que se realizam diariamente em todo o país, assim como as pesquisas de opinião, exigindo infrutuosamente, primeiro, retificação ao governo, com diálogo efetivo e, por último, uma solução eleitoral à crise. Há mais de 20 dias o povo venezuelano encabeça uma Parada Cívica Nacional com o propósito de exigir uma saída democrática à atual ingovernabilidade. Em que pesem os esforços nacionais e internacionais, o governo foge, por todos os meios ao seu alcance, de uma sincera negociação para alcançar um acordo eleitoral.



Não se trata, como este governo quer apresentar demagogicamente ante o mundo, de uma conspiração midiática das elites contra um governo à serviço dos pobres. Trata-se de uma luta de todo um povo contra um governo incapaz, mentiroso, cínico e surdo, que nos levou à maior pobreza, desemprego, angústia e desesperança nunca antes conhecidos pelos venezuelanos.



OS VENZEULANOS EXIGIMOS SAÍDA ELEITORAL JÁ!



Elizabeth Sanchez Vegas – NetForCubaInternacional – www.netforcuba.org



INÁCIO LULA DA SILVA NÃO ENTENDE O QUE QUER A OPOSIÇÃO VENEZUELANA?



Senhor Inácio Lula da Silva.



Tenho entendido que o Sr. foi um dirigente trabalhista, um membro do sindicato de trabalhadores do Brasil.



Também tenho entendido que muitos dirigentes de outros países crêem que o Sr. é um homem bom, modesto, humilde, que aparentemente tem boas intenções para com seu povo e o resto do mundo. E eu quero crer assim também.



Há três fatos que não combinam ou não se encaixam em absoluto na engrenagem de seu perfil político: 1) sua declaração em Havana, onde o Sr. agradeceu a Fidel Castro e seu regime assassino, imperialista e terrorista por haver permanecido, por continuar existindo, por seguir dando um exmplo; 2) suas declações indicando sua distância com Chávez e sugerindo uma mudança política de Chávez, e 3) suas declarações de agora, onde o Sr. assevera não entender os desejos da oposição venezuelana quando lhe reclamam o fato de que o Sr. esteja oferecendo gasolina, suporte técnico, navios, etc. ao governo de Chávez, para que este assassino, terrorista, esquizóide, possa uma vez mais burlar o povo que lhe pede em uníssono sua renúncia e uma saída eleitoral imediata à séria crise nacional.



Se o Sr. é verdadeiramente um líder sindical e dos trabalhadores, e não um comunistoide com fins macabros que teve a paciência de aparentar sê-lo durante mais de 40 anos, o Sr. deveria entender cabalmente que o Sr. DEVE IDENTIFICAR-SE com a posição do líder sindical Carlos Ortega, homem de origem humilde, como o Sr. que, igualmente a um extraordinário número de venezuelanos depositou uma vez sua confiança e voto em Chávez e depois de haver sido traído e abusado por este, mentém uma oposição férrea, pacífica, democrática e legal, junto aos mais de oito milhões de trabalhadores os quais ele representa, membros do maior e mais representativo organismo sindical da Venezuela, hoje contra Chávez. Vale acrescentar que esta posição é, hoje em dia, de acordo com as mais sérias pesquisas realizadas no país, a posição de mais de 80% dos venezuelanos e, por fim, a maioria absoluta. Consequentemente, é a posição do povo, do soberano venezuelano.



O Sr. sabe muito bem que ajudando com gasolina, com pessoal especializado, com navios e demais, o Sr. está ajudando a que o golpista Chávez, que tem a obrigação moral, social, política, ética e pessoal de responder a esse povo que está decidido a perder trabalho, saúde, propriedades, enfim, tudo, para conseguir uma mudança democrática, constitucional e pacífica em seu país, permaneça ainda mais no poder. O Sr. está traindo seus supostos ideais de trabalhador e de membro humilde e digno do povo, quando o Sr. se presta a ajudar um golpista que vem há 4 anos enganando, insultando, provocando, ameaçando, perseguindo e matando o povo da Venezuela.



O Sr. vai me dizer que também pertence aos que são cegos e surdos à atual crise da Venezuela? Quer-me dizer que as marchas de milhão e meio de venezuelanos não lhe dizem nada? Que a Parada Cívica Nacional de mais de 20 dias não lhe diz nada? Que os marchantes, protestadores pacíficos, mortos por um balaço de frente por franco-atiradores de Hugo Chávez no 11 de abril e em 6 de dezembro de 2002, não lhe dizem nada? Que tampouco nada lhe diz o fato de que Chávez tenha feito vários referendos e eleições quando o propósito e as pesquisas lhe convinham e agora negue-se rotundamente a levar a cabo qualquer dos dois, quando o povo soberano lhe pede e, certamente, o propósito e os resultados das pesquisas não lhe convêm? Que o Sr. não entende porquê a oposição a Chávez se molesta com o Sr.? Faça-me o favor, não nos tome por estúpidos!



Não seja o Sr. outro falso a mais, como todos os esquerdistas. Ainda não tomou o poder e já está o Sr. indicando sua solidariedade com regimes não-democráticos, os mesmos com os quais o Sr. quis manter distância quando o Sr. todavia não tinha assegurado a vitória eleitoral no Brasil. O Sr. respalda o Foro de São Paulo, o Sr. respalda Castro, Chávez, as FARC e a todos os organismos de esquerda da América Latina, os mesmos que têm bombardeado igrejas e matado centenas de inocentes crianças nelas. O Sr. quer criar uma bomba atômica no Brasil, etc., e os fins não devem ser precisamente bons. E há muito mais a dizer sobre suas intenções, porém vou permanecer no que me incumbe e interessa, como venezuelano: VENEZUELA.



Medite, pois ainda está em tempo. Uribe acabará com a guerrilha dentro de pouco tempo. O povo da Venezuela derrotará, julgará e encarcerará Chávez e os terroristas das FARC, de Castro e de Hussein que estão na Venezuela. A comunidade internacional, o exílio cubano, os dissidentes e os Estados Unidos acabarão com Castro muito em breve. O homem do Equador vai ter que entrar pela mesma porta dos demais. Não cometa um erro garrafal, deixe de cinismos, desate toda sorte de ligações com esses obscuros fantasmas da História e una-se aos libertários da América e do mundo.



ABAIXO Chávez, ABAIXO Castro, ABAIXO os terroristas, ABAIXO a esquerda internacional!



Stefano Pagani



terça-feira, 24 de dezembro de 2002

Hoje é véspera de Natal, mas o Notalatina está aqui no plantão, ligada pelo coração àquele bravo e resistente povo venezuelano, que ao contrário dos outros anos e dos outros povos cristãos, optou por não comemorar essa data majestosa com festas.



O Natal na Venezuela será comemorado nas ruas e avenidas com mais uma “marcha luminosa”, onde multidões incalculáveis se reúnem com as únicas armas com que têm lutado nesses 22 dias da Parada Cívica Nacional: bandeiras, apitos, velas e tochas, além de um caçarolaço programado para soar à meia-noite.



O primeiro artigo de hoje vem do site El Gusano de Luz (Vagalume), num relato cheio de emoção do jornalista Ricardo Mitre e o segundo, um manifesto em apoio aos venezuelanos escrito pela União dos Ex-Presos Políticos Cubanos. Infelizmente não tenho como colocar aqui as fotos desse movimento pacífico e forte, mas elas podem ser vistas no site www.elgusanodeluz.com site que recomendo por ser muito fiel ao que se tem passado na Venezuela, sem disfarces nem mentiras.



O VELHO CORAÇÃO E AS TOCHAS



Ricardo Mitre



Chego com Graciela à Praça das Américas para marchar dali, já que a falta de gasolina me impede de ir ao Oeste para fazê-la com meus companheiros de Catia. Nos reunimos para marchar e descobrimos com emoção que a ampla maioria dos participantes tem a idade dos nossos filhos e denotam, além de sua determinação, essa generosidade inevitável da juventude.



Ficamos um tempo marchando quando começa a cair a noite e de repente surgem as luzes das velas, das tochas e das lanternas iluminando a noite caraquenha. Para a frente, a marcha reluz interminável. Volto para trás e minha vista perde-se no horizonte de cabeças e luzes. Outra vez a marcha foi massiva, penso, enquanto alguém me diz que nos outros pontos de concentração a convocatória foi respondida do mesmo modo e que, talvez, novamente, esta tenha superado a anterior. Falamos, cada vez, de mais de um milhão de almas; coisa que parece ser de todos os dias.



Levo um tempo marchando e em cada urbanização que passamos vão-se integrando numerosos contingentes nos quais predominam os jovens com suas velas. Comento com Graciela que nunca tinha visto tantos jovens e trato de captar seus rostos com minha câmera. De imediato o velho coração que pulsa, um tanto cansado dentro do meu peito, tem um estremecimento de emoção e as lágrimas acodem em meus olhos ao ver esses rostos jovens cantando e gritando palavras de ordem.



Amanhã é noite de Natal, pensa meu velho coração e este belo e manso povo que neste mês, todos os anos, expressava sua alegria em um “corre-corre” para comprar inumeráveis presentes, para atender a “seu amigo secreto” e para organizar inumeráveis festas até a madrugada, decidiu ficar sem Natal e dar amanhã à noite, exatamente às 12 da noite, um caçarolaço para que ninguém se esqueça de sua indignação.



O velho coração que agora marcha à altura de San Luis esteve outrora, em outro país, quando era tão jovem quanto a mocinha que agora marcha a meu lado cantando entusiasmada, em outras gigantescas mobilizações, que embora com palavras de ordem diferentes, clamavam pelo mesmo: liberdade, tolerância e não exclusão. Aquelas fracassaram: esta dependerá da coragem que chegue para cada dia, exatamente de nossa persistência, de nosso denodo na luta e da fé que acuda em nosso ânimo.



Quando chegamos a Chuao, a marcha é um imenso rio humano de cidadãos mobilizados que sepultam a presença de partidos políticos que puderam comparecer como tais. E continua a marcha de imensas luzinhas. Alguém que me reconhece me pede uma foto. Outro grita “avante El Gusano de Luz” e o velho coração volta a falhar. Lembro, então, a manhã de um sábado frio de janeiro de 2001, quando decidimos fundar este site. Nesse dia decidimos que havia pequenas luzes que brilhavam na noite mais escura que a Venezuela havia vivido e dissemos que ”na noite mais escura é que brilha o Vagalume” e explicamos, milhares de vezes que, quando todas essas pequenas luzinhas brilhassem juntas, se faria a luz. Dissemos, igualmente, que nascíamos para pensar no país que virá. E realmente esse país virá.



Fizemos algo pela luminosidade, pressentimos, tanto que passamos por La Carlota e o sábio instinto das pessoas grita palavras de ordem contra a repressão. Não fomos trabalhar com os companheiros de Catia uma vez que pensávamos e pensamos que o país mudaria, definitivamente, quando o povo se encontrasse com os letrados e pudesse compartilhar um espaço comum. Este povo despertará, dizíamos, enquanto nosso andar dificultoso em Chuao nos evoca as enormes filas que neste dia se fizeram ante o Registro Eleitoral Permanente. Todos queremos essa saída que agora estamos defendendo nas ruas. Essa foi a mensagem da juventude deste país mobilizado.



E realmente isso se passa, parece dizer a gigantesca marcha que chega do Oeste da cidade, à qual se soma, no trajeto, muita gente proveniente de cada uma das urbanizações e bairros que atravessa. As ruas são nossas.



Quando o velho coração chega a Chuao a concentração alcança níveis asfixiantes. Alí não cabemos todos os que vínhamos e inevitavelmente muitos têm que voltar, penso enquanto caminho, voltando, junto com uma nada desdenhável, pelo número, marcha que regressa pelos dois canais do Boulevard de El Cafetal. As pessoas cantam seu entusiasmo. Não importa se é de ida ou de volta.



Este povo saiu para brilhar, também, nessa noite escura. Amanhã é 24 de dezembro de 2002, e esta gente não honrará a festa. À tarde e à noite há atos para indicar que o “bravo povo” não recuará na luta.



Ali estaremos porque todos seguiremos brilhando juntos nesta noite ainda escura, já que o povo está na luta com uma determinação que não poderá ser sufocada pela repressão que cada dia ensaia mais disfarçadamente um regime autista e bocejante.



Esta noite acenderam nossas luzes. Todos somos “Vagalumes” e assim o faremos saber, quando terminado “o mandato” que nos encomendaram, há que discutir, de verdade, o país que há de vir.



Dentro de algumas horas continuará soando esta voz de protesto de um novo povo que não tem medo e palpita fortemente, comovido pela emoção, nessa vontade inquebrantável de construirmos de novo.



Sinto que a hora do milagre está cada vez mais próxima. Me disse esse velho coração que viaja, cansado dentro do meu peito e que esta noite palpita, acelerado, em cada protesto e em cada canto.



É Noite de Natal e a Venezuela inteira luta. Continuaremos lá.



Em todos os momentos. Sempre...



Fonte: El Gusano de Luz



União de Ex-Presos Políticos Cubanos Inc., Zona Norte, New Jersey (NJ)

VENEZUELA: “GLÓRIA AO BRAVO POVO”



Com as quatro palavras do hino nacional venezuelano, rendemos tributo ao bravo povo venezuelano que nas ruas ou nas praças tem desafiado o governo do militar anteriormente golpista Hugo Chávez; com manifestações, com toques de caldeirões, com paradas de trabalho, com navios cisternas carregados de petróleo parados nos portos, com uma Central de Trabalhadores digna de sua relação, com militares manifestando sua obediência ao chamado da Pátria em crise e ao povo ao qual devem sua posição.



Muitos cubanos viveram e vivem nessas terras que pariram o gênio libertário que foi Simón Bolivar. Ali transmitiram suas experiências do viver totalitátio, ali em terras donde nunca se sentiram estrangeiros e onde sua língua não tinha acento, criaram simpatia para sua luta e ensinaram a experiência de como se leva um país ao totalitarismo explorando verdades sociais e pondo em prática sistemas de propaganda e estratégias psicológicas. Muito devem os cubanos que viveram ou vivem na Venezuela a essa grande nação; em resposta, os venezuelanos tiveram de primeira mão o testemunho da vida cruenta na Tirania que os ajudou a preparar-se e a escolher as melhores formas para opor-se à perpetuação do poder unipessoal, tomando como modelo o fracassado castrismo de Cuba. E apesar de que os afetos ao governo, os sicários da violência organizada estejam utilizando a bandeira cubana em seus atos, e até o próprio Chávez tem-se coberto em algumas ocasiões com a bandeira da estrela solitária, os venezuelanos têm sabido distinguir entre as duas Cuba: a que mata e atropela sustentando a Tirania mais velha do continente e a que é digna do respeito dos homens livres do mundo por ter sido a Pátria de Martí, e ontem berço dos melhores ideais, onde os povos da América souberam em seu momento beber a sábia imorredoura da Liberdade.



As prorrogações de poder, as Constituições emendadas ou derrogadas, os tribunais de Justiça em mãos de partidários, os Congressos dissolvidos e as hierarquias militares substituídas por afetos, são métodos dirigidos para perpetuar homens e partidos. Só a sabedoria dos povos pode distinguir quando estes assuntos são manejados em horas em que o triunfalismo sufoca o estabelecido e esperanças mal alimentadas de supostas mudanças ensombrecem a Justiça. Os direitos individuais e a Liberdade tratam de se esconder em altares de um bem nacional que nunca terá fim, enquanto turbas mal intencionadas fazem o papel de forças de choque e de árbitros dos que pedem a mudança democrática.



Só um milagre salvará o povo venezuelano de um trágico banho de sangue; só uma comunidade internacional bem intencionada impedirá que fatores estranhos entrem em jogo para suprir as limitações de Chávez ou a experiência dos novos dirigentes da oposição. Quando a nação entra em uma etapa convulsiva, pode haver pescadores de rios revoltosos, como quando o processo conduzido pelo chileno Allende chegou a ser manejado pelos assessores castristas; com Ortega se passou o mesmo na Nicarágua. Estes assessores atearam fogo onde se debatiam idéias, criaram mártires e buscaram um inimigo comum em ultramar para alcançar uma unidade nacional, que só existiria se os caudilhos fossem aceitos unanememente.



Cremos no triunfo da oposição venezuelana; cremos no ressurgimento dos melhores para conduzir o país por caminhos de bem-estar e de paz; cremos que então a Venezuela entornará seus amplos caudais humanos e econômicos no conglomerado dos países livres e democráticos que hoje defendem uma batalha decisiva contra o terrorismo internacional; cremos no BRAVO POVO que um dia iniciou a independência da América para sempre.



O Notalatina volta com notícias da Venezuela, trazendo hoje comentários do Dr. Rómulo Lander e duas análises sobre essa situação insustentável pela qual passam nossos vizinhos irmãos venezuelanos.



É ao mesmo tempo angustiante e gratificante ver a coragem e determinação desse bravo povo que segue, há exatos 21 dias, numa incansável e pacífica luta pela democracia e liberdade, apesar da forte repressão feita pelo insano presidente Chávez e seu séquito de terroristas que o aplaudem e dão cobertura.



A cada mensagem recebida diariamente, (e às vezes são tantas que quase fico sem saber o que reportar) mais meu coração se une a essa brava gente e com eles grito em pensamento: NI UM PASO ATRÁS!



Amanhã é véspera do Natal. Rogo ao pequeno Deus que nasce para a nossa salvação, que ilumine com Sua inefável Luz os irmãos venezuelanos e proteja toda a Venezuela contra o castro-comunismo.



Felices Navidades a todos los hermanos Latinoamericanos!



Caracas, 23 de dezembro de 2002 – 5:00 PM



A situação aqui em Caracas e em toda a Venezuela continua crítica. A Parada Nacional continua hoje em seu vigésimo primeiro dia. Tudo está parado, todos os dias marchamos pelas ruas em uma busca pela liberdade.

Hoje, dentro de uma hora, às seis da tarde, irei marchar com tochas e velas pela avenida principal das Mercedes para terminar na Praça da Meritocracia no leste da cidade. Afortunadamente, todavia, há pouca violência. Só dois ou três mortos por dia (na Venezuela toda) por efeitos de bala, nas marchas. Neste momento, vejo pela televisão, a entrevista com um jovem ferido a bala, na marcha de ontem na cidade de Maracaibo.



A gasolina escasseia, 90% dos postos estão fechados. No momento há alimento nas casas. As pessoas passam horas nas filas para inscrever-se no registro eleitoral (os novos eleitores). Todos desejamos uma saída democrática e eleitoral a esta tragédia. Não queremos o regime Castro-comunista que tentam implantar na Venezuela. Quanto a essa intenção, não há dúvida. A disputa é agora ou nunca. Pouco a pouco a violência vai aumentando, todavia os Círculos Bolivarianos da morte ainda não fizeram sua aparição na cena. Sabemos que Chávez não deseja as eleições e, além disso tem o poder de fogo em suas mãos. Portanto, ninguém sabe o que vai se passar aqui. É claro que existe uma alta motivação para continuar com a parada; ninguém pensa em suspendê-la, mesmo quando, é certo, algumas casas comerciais menores têm aberto suas portas nestes dias. Isso é algo que se tolera com dignidade e sem ofensa. São companheiros que estão com a causa anti-chavista, porém necessitam pagar suas contas deste mês. Esses casos não afetam a essência da parada geral. São bem tolerados. A PDVSA e os Marinheiros dos petroleiros estão firmes na parada e isso é muito importante. Requerem todo o nosso apoio.



NEM UM PASSO ATRÁS E CEM PASSOS À FRENTE!



Rómulo Lander



PLEBISCITO



Benjamín Molpo



Ao observar as ações e reações do governo frente a um reclamo cada vez mais amplo, não se pode evitar de recordar o que dizia um filósofo, algo como que atrás de todo déspota há um jurista para justificar seus abusos e cobranças injustas e violentas. Sem compreender que todos estes abusos e ações equivocadas, não detêm nem ajudam a melhorar o clima de tensão que hoje se vive.



O governo tomou o caminho mais difícil para todo o governo democrático: o Plebiscito, como forma de manter-se no poder. Ignorando o sentido comum e ainda mais o dissimulado das formas. E isto traz como consequência o contrário do que seria a meta sã de todo governo: a governabilidade na paz. E é que em cada ação o oficialista, faz crescer ainda mais a plataforma motivacional da oposição.



O oficialismo e seus sofistas, igualmente a Protágoras, se especializam em converter qualquer argumento oco em sólidas afirmações, só cuidam de “dignificar” seus crimes, e assim elaborar toda uma cadeia de coerção física com “bases legais e patrióticas” e todo o deslocamento de uma sorte de mitologia comunicacional que o explique.



As mensagens do oficialismo ainda apelam aos sinais-clichês, tirados dos símbolos fascistas (paradoxo), cujas mensagens não só calam entre seus partidários, como são sinais intimidatoriais contra seus oponentes.



Porém, ainda com todo este deslocamento, não é suficiente, e ainda se aguça mais a idéia de sufocar e afogar qualquer saída eleitoral. Desta forma, sabe que já não é aceitável decapitar um ou dois oponentes para deter um movimento opositor, senão sua preocupação e objetivo prioritário são milhões de oponentes e de maneira midiática provocar um plebiscito, através do desgaste e da desilusão da aparente inação. Por isso sua estratégia propagandística converte-se rapidamente no centro do seu esforço: os rumores, ativar os navios petroleiros, dividir a oposição e quebrar a parada, para conseguir a desmotivação da maioria.



Por outro lado, a oposição sem se propor a isso, converteu-se em um movimento social, forte e coeso para um fim, evoluiu desde as primeiras queixas isoladas, em todo um movimento representante das forças sociais mais díspares, que julgam este processo auto-denominado revolucionário.



Também vimos como estas forças levantaram-se contra as “instituições”, ou melhor dizendo, contra as manipulações de tais instituições, acompanhadas desde cedo de modo destrutivo pelos meios de comunicação, e estes foram incrementando seus recursos argumentativos para desmascarar a ideologia hegemônica deste projeto político.



Agora, sem dúvida, presenciaremos uma escalada de violência e protestos que variarão em intensidade. E ao final, se chegará a um bifurcação: a evolução para a institucionalidade democrática ou a consolidação do projeto.



Porém, não resta dúvida que o poder físico do governo não poderá conter muito tempo o poder moral e democrático da maioria. Ainda assim, prevalece no ânimo do oficialismo provocar o plebiscito, seja com a Assembléia Nacional e os legisladores ou os Fales de nossas orgulhosas FAN.



Todos temos que opinar...



Fonte: El Gusano de Luz



ANÁLISE DA SITUAÇÃO XIX



Orlando Augusto Nieto Willett



O presidente, desde Carenero, no estado de Miranda, afirma estar ganhando a “batalha petroleira, social, política e militar...”, além de afirmar que “mãos internacionais interessadas em pôr a mão no país” e em ”privatizar” imagino a PDVSA. Disse também que estão preparando as demissões e as demandas penais contra os que propiciaram a parada e sabotaram a indústria. O governo usando a coação e a força, tenta levar ao porto mais navios.



1. Evidentemente, desde sexta-feira, o governo em seu empenho para ativar os navios, busca afanosamente dar a impressão de começar a controlar a situação. É importante ressaltar que esta parada, até pouco tempo não existia. Para o vice-presidente era algo de ficção, e nessa matéria ele apenas lia. Para a senhora que se ocupa do trabalho, tampouco foi algo real. De maneira que a Parada Cívica Nacional surgiu como algo do nada. De repente, de improviso. Algo surgido do nada, faz fila nos postos de gasolina, bancos, supermercados, lojas e centros comerciais.



2. Outro aspecto importante é a impressão que temos, os Venezuelanos, da inexistência de instituições. À noite escutamos um advogado de alguns tripulantes dizer, como a própria procuradoria impedia que eles cumprissem com o seu dever de assistir a seus clientes, na ausência da defensoria do povo. Escutamos perplexos um grupo de juristas que analisavam o amparo que admitiu o TSJ e as falhas e violaçõe legais e constitucionais que implicam a decisão e a anarquia de sua interpretação. Patente de pirataria, segundo alguns, entregue ao governo para que faça o que lhe dê na telha. A alocução do Ministro da Defesa e de outros empregados do governo. É surpreendente, também, constatar o que continua sucedendo com a Polícia Metropolitana.



3. Porém o mais inaudito é que o governo ignora a motivação essencial da Parada Cívica Nacional, que não é outra que o de exigir o direito de resolver este problema pela via eleitoral. O presidente disse ao jornal Folha de São Paulo que para que o referendo seja possível, tem que modificar a constituição. Mente uma vez mais. O jornal Le Monde Diplomatique feito uma história de vilões. A campanha de desinformação é brutal. Busca-se encaminhar à oposição o mesmo argumento pós-abril de golpismo, com o agregado de sabotadores. A Coordenadora tem excelentes cunhas; algumas podiam ir para o exterior. É estranho que se o governo ataca a certos meios poderosos na Venezuela, estes mesmos meios não podem agenciar suas influências para equilibrar esta situação nos países adequados.



4. Durante a última marcha, um PM perguntou se no Natal marcharíamos também, e lhe disse que sim, fazia falta sim.



Conclusões: A sociedade civil está mobilizada, está consciente das razões políticas, na correta acepção do termo, que a fizeram assumir há um ano uma atitude combativa. Participa na Parada Cívico Nacional por convicção. Não é momento para oportunismos. A unidade da coordenação do comitê de conflito deve manter-se. Com sensatez, com calma, de maneira clara e contundente. O apoio aos Negociadores da Mesa é total. Porém, por razões do tempo na Parada, da época do ano, a condução deve ser particularmente habilidosa. O governo continua esperando pelo milagre do desgaste e da fadiga. É um presente que não podemos lhe dar, como tampouco a vida de nenhum Venezuelano mais.



Fonte: El Gusano de Luz



domingo, 22 de dezembro de 2002

O Notalatina informa em edição extraordinária!



URGENTE - DECLARADO O AUTOGOLPE



1) Me confirmam que a DISIP acorreu ao Eurobuilding para prender os Fernández e os da Coordenadora Democrática. Eles estão fugindo. Não sei a quem podiam prender.



2) O comando formado para resistir na greve da PDVSA é o comando unificado das Forças Armadas para dirigir o autogolpe "disfarçado".



3) As embaixadas de muitos países estrangeiros reuniram-se secreta e urgentemente e têm movido os mecanismos para ativar uma resposta internacional e uma intervenção imediata da ONU. As embaixadas que promoveram o evento foram as da Espanha e a da Itália. Avante espanhóis e italianos!



4) A intervenção aos meios de comunicação está acontecendo neste momento e se não, será nos próximos minutos; não creio que chegue a horas.



5) Só nos resta rezar, orar, e nos mantermos unidos, aguentar, que a repressão será brutal. PORÉM O POVO VENEZUELANO SERÁ TRIUNFANTE! Já conseguimos que o governo de Chávez acabe de se desmascarar e com estas últimas ações, termine de demonstrar internacionalmente que é um governo autoritarista, fora da legalidade, golpista e terrorista. Isto é suficiente para que lhe apliquem a Carta Democrática e a intervenção imediata.



6) Agradecemos a todos os contatos com a Cruz Vermelha Internacional, os direitos humanos, as Nações Unidas, todas as organizações internacionais pertinentes, governos de outros países, todos os membros da Carta Democrática, a imprensa internacional, todos os altos funcionários do governo e da armada dos USA, Inglaterra, Itália, Espanha, França, Alemanha, Portugal, Suiça, Japão, Irlanda, Canadá, etc. e em geral, todos os contatos internacionais importantes.



URGENTE-URGENTE-URGENTE mais rápido que imediatamente.

É para ontem ou antes de ontem, quero dizer!



Fonte: Babbarico

sábado, 21 de dezembro de 2002

Ontem eu divulguei aqui uma declaração maliciosa e infeliz do emissário do presidente Lula à Venezuela, sr. Marco Aurélio Garcia, e não quis tecer nenhum comentário a respeito, pois queria ver a reação da comunidade jornalística venezuelana, diante da afronta da qual fora vítima. Hoje a trago, pela pena do economista e escritor Francisco Alarcón, um lúcido libertário venzuelano que coloca as coisas nos seus devidos lugares. Tivesse o sr. Garcia um pouco que fosse de senso de proporções, faria uma retratação pública. Mas isso já é exigir demais de um petista...



Ainda nessa edição o Notalatina traz mais um artigo sobre a situação venezuelana, indispensável para o leitor brasileiro que queira saber o que de fato está acontecendo bem aqui do nosso lado, uma análise crua e fria de quem está vivendo esse drama na carne, diariamente, sob o domínio do medo mas com muita garra e patriotismo.



PRIMEIRO ERRO DE LULA



Francisco Alarcón



Não sabemos na realidade se o erro coresponde a Lula ou ao seu enviado à Venezuela, o cidadão Aurélio Garcia, que manifestou-se sobre nosso acontecer irresponsavelmente, e em sendo esta apreciação compartilhada, comprometeria o futuro político de Lula. A solidariedade não se dá adiante nem muito menos servilmente. O problema venezuelano deixou de ser enigmático para o resto do mundo, quando existe um Presidente eleito democraticamente, porém que perdeu sua ligitimidade, sua popularidade, por gravíssimos erros que supomos que para qualquer espectador, ao revisar o sistema de Contas Nacionais da ONU, dar-se-á conta de como dilapidou U$ 100.000.000. Lucros enormes obtidos pelo governo chavista e os quais não redundaram em minorar nada em quatro anos, nenhum encargo social; emprego, saúde, obras públicas, nem um político colocado como vestígio de uma gestão decente, contribuindo à maior corrupção em nossa história republicana. A pobreza na Venezuela que já vinha com governos anteriores, floresceu desproporcionalmente com a ascenção de Chávez ao Poder, indivíduo inepto e incapaz de conduzir um governo. Seus quatro anos são uma triste realidade para os venezuelanos, deslegitimado e desprezado pelo povo por seu pertinaz discurso dissociador, grosseiro e ofensivo dirigido a todos, e causador da divisão atual da nação, nunca antes vista nas memórias do século XX, talvez com antecendentes na Venezuela ignara e agreste do século XIX.



Algo insólito e desprezível para o mundo atual, onde as idéias correm de um lugar a outro com a “velocidade da luz” e quando “o populismo e o comunismo” deixaram seus restos com a queda do Muro de Berlim. Este senhor delegado por Lula brindou apoio a priori ao governo ditatorial de Chávez e condenou, também a priori, os meios de comunicação e setores democráticos. Testemunho o que apareceu no Globo News.



É lamentável que a intenção de Lula, que ao menos foi boa em princípio, tenha sido deformada por seu emissário e, desejamos que a comunidade Brasileira não tenha uma versão falseada do contexto Venezuelano através do Sr. Garcia. Por isso, é oportuno um esclarecimento antes de concretizar-se um pronunciamento, que por desconhecimento ou omissão excessiva, serviria de reforço a um governo autoritário e deslegitimado, o qual teme confrontar-se em eleições democráticas com a máxima brevidade possível, tratando de enganar os incautos no âmbito internacional, e que dentro de muito pouco será recordado na América Latina como um acontecer infausto.



Vêde-o ali, amigo Lula, o povo da Venezuela lutando palmo a palmo para recobrar sua liberdade; é uma exortação sincera de um venezuelano.



Francisco Alarcón – Economista-escritor



TUPAMAROS E CARAPAICAS NÃO EXIBIRAM SEU PODER DE FOGO



Rubén Flores Martínez



Uma preocupação me embarga cada vez que assisto às concentrações públicas convocadas pela Coordenadora Democrática e a sociedade civil. Advito que já perdi a conta das marchas, manifestações, trancaços, caçarolaços e ações cívicas nas quais tenho participado com minha família e amigos. Em cada uma delas, o que nos move é o mesmo: a defesa de nossas instituições públicas (sequestradas por este governo) e a renúncia de Hugo Chávez.



Se bem que a parada cívico-nacional encontre-se em sua fase mais conflitiva e decisória, também é certo que apesar das reiteradas violações do estado de direito por parte do Executivo Nacional, os enfrentamentos entre venezuelanos não têm acontecido a maior. E alí tenho minha preocupação e meu instinto jornalístico, o que me leva a pensar que algo raro se está conhecendo do outro lado.



Onde está Lina Ron e sua gente? Que têm feito os grupos violentos que ocupam a esquina quente da Praça Bolívar? Por que não têm atuado os grupos armados da 23 de Janeiro e da La Veja, onde é público e notório que possuem armas subtraídas do Forte Tiuna e da Polícia Metropolitana, para usá-las contra nós? Pois nada, estão esperando o momento propício para atuar.



Um intinerário efetuado, dias atrás, pelas Urbanizações 23 de Janeiro, Propatria, Los Frailes de Catia, Monte Piedad e a Av. Sucre (justo no preciso momento quando se iniciava em Caracas o ruído estrondoso das caçarolas), confirmam minha apreciação de que algo raro se está montando contra nós. Tratode prevenir.



Embora soe duro dizer, é mentira que no Oeste se escutam as caçarolas na medida em que o otimismo democrático quer crer. Em meu intinerário por essas urbanizações quase não as escutei. Observei pouca gente nas sacadas, nas varandas ou embaixo dos edifícios soando as caçarolas ou gritando contra o regime.



Ali se respira a desilusão do regime e a ausência de alguém em quem encarnar a esperança. O que vi e me encheu de assombro, foi a presença de grupos de três até cinco pessoas, paradas em quase todas as esquinas, com grossas jaquetas e gorros (tipo capuz onde só os olhos aparecem),olhando de maneira fixa e desafiante para as sacadas dos edificios e prédios da 23 de Janeiro e Propatria; dispostos a acionar suas armas de fogo (presumo que estavam armados) se alguém ousasse levantar sua voz de protesto contra o regime. Em Cuba, chamam a estes homens Comissários Políticos ou membros do CDR (Comitês de Defesa da Revolução). Há que levar-se em conta que o Oeste está tomado.



Na Av. Sucre de Catia, justo em frente do Parque do Oeste, caíram três venezuelanos feridos por desafiar as regras da “revolução bonita”. Na Campiña, nos salvamos (por milagre) de cair na armadilha preparada por Bernal, Rodríguez Chacín, Barreto e João De Gouveia, que paciente e criminosamente haviam preparado uma emboscada para massacrar-nos, justo em frente da PDVSA. Na Av. Panteón de San Bernardino, também nos esperavam os carniceiros do regime, que igual ao dia 11 de abril, desejam silenciar nossos apitos, desejam que novamente desapareçam de nossos rostos o sorriso que tanto nos custou recuperar depois desses dias azarados que viveu a república, quando um grupo majoritário de venezuelanos marchamos até o Palácio do Governo para solicitar sua renúncia e fomos massacrados. São os mesmos assassinos que ontem impediram que a cidadania mobilizada chegasse de maneira pacífica e ordenada até a Praça “Das Três Graças” para brindar um justo reconhecimento aos valentes venezuelanos da Marinha Mercante.



São os mesmos bandidos que desejam que a bandeira tricolor que com tanto orgulho exibimos nas marchas contra o regime, não continuem tremulando em nossos corações e que a brisa alegre e descontaminada que dá vida a nossos símbolos pátrios se transforme em uma núvem de pólvora e gases tóxicos. Os mesmos que desejam que nossos caminhos se banhem de sangue e morte. Pois não, nós não vamos permitir. Nem um morto mais vamos dar a essa miserável revolução.



Tudo isto me leva à nefasta conclusão de que os Carapaicas e Tupamaros não instruíram seu poder de fogo e contra essa ameaça latente há que se ter cuidado. Celebro à maneira do futebol de ontem entre venezuelanos que demonstraram que apesar das diferenças que nos separam, ninguém nos pode arrebatar o sentimento de irmandade que sempre existiu entre nós, porém é meu dever compartilhar com vocês estas reflexões que, apesar de pessimistas, não deixam de ser válidas na hora de vestir-nos de alegria e tomar as ruas.



Temo que cedo ou tarde vão acionar suas armas de fogo e estou convencido disto, entre outras coisas, porque tanto a FAN, como esses grupos paramilitares denominados “Carapaicas” e “Tupamaros”, têm entre suas fileiras elementos da guerrilha colombiana e milhares de milicianos cubanos, treinados precisamente para cumprir missões especiais como a de reprimir massas ou a de atuar como franco-atiradores. Para eles, a Megamarcha de hoje é sua prova de fogo. Por Deus, vamos com cuidado!



Fonte: www.elgusanodeluz.com



Uma notícia me acaba de chegar, dando conta de que cubanos estão operando os navios petroleiros venezuelanos. Ontem recebi, também, a informação de que Chávez teria pedido ajuda ao presidente FHC, para que enviasse técnicos da Petrobras para realizar a extração do petróleo e depois enviar-lhe os derivados. Chávez também falou com o emissário enviado pelo futuro presidente Lula, o sr. Marco Aurélio Garcia, mas não quis revelar o teor das conversações alegando, apenas, que “foram muito boas para o povo venezuelano”. Pelas declarações desastrosas e irresponsáveis desse senhor, a respeito da imprensa venezuelana, e pelo comportamento inconsequente e despótico do delinquente Chávez, dá para se ter uma idéia dos “planos” que articularam. Abaixo, a nota completa sobre os petroleiros da PDVSA.



ORTEGA: CUBANOS MANEJAM NAVIO DA PDV MARINHA



Caracas – Após anunciar pelo vigésimo primeiro dia consecutivo a extensão da parada cívica, o presidente da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), Carlos Ortega, rechaçou a mobilização que o governo efetuou no Navio Petroleiro Pilín León supostamente com tripulação cubana.Ortega repudiou o fato de que a ''marinha cubana esteja capitaneando as unidades da frota petroleira venezuelana''. ''Isso demonstra e ratifica frente ao país o que temos denunciado sobre a intervenção direta do governo cubano nos assuntos internos da Venezuela e que nós não vamos permitir sob nenhuma hipótese'', assinalou, enquanto nas telas de televisão observava-se o petroleiro navegando nas águas do Lago de Maracaibo.



Assegurou que esta ''invasão'' de pessoal cubano se extende também à Força Armada Nacional, onde pessoas dessa nacionalidade desempenhariam funções como assessores de altos oficiais.



''Tiraste a careta, derrubaste a máscara; o desespero e a responsabilidade com que este nobre povo tem atuado, te desmascarou; já não podes ocultar ao mundo tua condição de ditador da República Bolivariana da Venezuela'', assinalou.



Depois destas denúncias, Ortega juntamente com o presidente da Fedecâmaras tiveram que sair rapidamente do salão, escoltados por guarda-costas, onde ofereciam uma coletiva à imprensa, após dissipar-se o rumor de uma possível detenção devido à presença de uma patrulha da Disip na entrada do Hotel Eurobuilding.



Para amanhã, domingo, a principal atividade da oposição será procurar os templos para ''orar pela Venezuela''.



Ortega admitiu que as ''estratégias da oposição mudaram radicalmente'' dada as últimas ações do Executivo Nacional. Assinalou que ainda não se considerou a provável marcha até Miraflores.



A OEA está vacilando



Um comunicado emitido hoje pela oposição, deu conta do rechaço produzido pela desasistência da delegação do governo à Mesa de Negociação tutelada pelo Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria.



''Isto se chama irresponsabilidade, vacilo'', assinalou, após qualificar como uma ''falta de respeito'' ao trabalho de Gaviria, sobre a decisão dos oficialistas de não trabalharem nessa instância até a próxima segunda-feira.



Fonte: La Voz de Cuba Libre – www.lavozdecubalibre.com



sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

O Notalatina traz mais informações sobre a dramática situação da Venezuela, hoje um pouco mais longo do que o normal, considerando o volume de notícias que me chegam dos correspondentes daquele país vizinho. Curiosamente, os canais de televisão e jornais brasileiros nada informam, parecendo não dar-se conta da gravidade do que ocorre com nossos irmãos aqui do lado. O governo venezuelano já deu ordens às Forças Armadas para que sejam retirados os sinais das emissoras de rádio e televisão que não retransmitirem notícias favoráveis a Chávez. Há um projeto meticulosamente elaborado para este fim e já deve estar sendo posto em prática nos próximos dias. Não sei se a imprensa brasileira sabe disso e acautela-se, ou se é mesmo por descaso e conivência com o presidente daquele país, que tem feito um silêncio tão eloquente em torno do assunto.



É nítido o desespero de Chávez porque sabe que perdeu mas não quer render-se aos fatos. Apoia-se no seu mentor Fidel Castro que, por sua vez, estimula e orienta seu pupilo a manter acesa a chama do ódio e da violência. Fidel não quer ver Chávez fora do poder, porque depende do petróleo venezuelano que recebe em troca do treinamento e adestramento das “milícias bolivarianas”.



Enquanto isso, o presidente eleito, Sr. da Silva, enviou ontem um emissário de seu futuro governo à Venezuela, mesmo antes de ser empossado, com a intenção de inteirar-se da situação e “colaborar” nas negociações para resolver o conflito. O enviado foi Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência para Assuntos Internacionais. Em declarações ao jornal La Nacion de Caracas, Garcia foi diplomático com relação ao governo de FHC, afirmando apenas que “Pode haver uma mudança de estilo, embora saibamos que as relações de Chávez com Cardoso são boas. Porém não é o momento de fazer críticas à forma com que a diplomacia deste governo tratou a Venezuela, inclusive porque não teríamos nada importante para criticar.” Disse ainda que o presidente Lula tomou a decisão após uma conversa por telefone com Chávez, de quem é amigo e que, independente disso, ”Tem que haver respeito por um governo constitucional eleito, e vamos oferecer tudo o que o presidente Chávez julgar que for necessário”. Vale lembrar aqui que tanto o presidente Chávez, quanto o presidente Lula são membros participantes do Foro de São Paulo. Ficou, entretanto uma dúvida, e vou aguardar a opinião dos jornalistas e amigos correspondentes venezuelanos, acerca de uma declaração muito estranha do emissário brasileiro, sobre a situação da imprensa daquele país, quando ele declara: ”Nós não estamos aderindo a uma pessoa mas a um governo constitucional. Sei que pode haver excessos populares. Porém o comportamento da imprensa venezuelana... Dizem que a imprensa venezuelana transformou-se num partido político”. Não precisa de muito esforço mental para entender aonde ele quis chegar, mas, ainda assim vou aguardar o parecer dos venezuelanos.



Hoje além dos informativos, há um artigo muito interessante de Alfredo Anzola Méndez que vale a pena ser lido.



A GREVE CONTRA CHÁVEZ COMPLETOU 17 DIAS

A oposição voltou a paralizar Caracas

Pela segunda vez em uma semana, houve bloqueio à passagem das principais autopistas e ruas da cidade; houve incidentes isolados.

O Governo advertiu que não permitirá que as marchas cheguem até a sede presidencial.



CARACAS – Pela segunda vez em menos de uma semana a oposição bloqueou ontem as autopistas e avenidas da capital venezuelana para pressionar a renúncia do presidente Hugo Chávez, enquanto a greve que paraliza a vital indústria petroleira entrou em sua décima sétima jornada; vários países europeus exortaram seus cidadãos a não viajarem para a Venezuela.



Desde às 6 da manhã e até o meio-dia de ontem, milhares de adversários de Chávez colocaram veículos, peneumáticos encendiados e pedras nas autopistas, tal como sucedeu há três dias com o primeiro “trancaço”.



Em vários pontos da cidade houve princípio de enfrentamentos entre opositores do mandatário e seus seguidores, que tentavam retomar as vias de acesso para brí-las, enquanto em duas avenidas próximas ao centro de Caracas os manifestantes foram dispersados por policiais com bombas lacrimogênias e balas de borracha.



Não obstante, na autopista Francisco Fajardo, a principal de Caracas, os grupos enfrentados encontraram uma maneira de resolver seu conflito: armaram uma barra de futebol que serviu para aliviar a tensão reinante que ameaçava com um desenlace violento.



O Ministro do Interior, Diosdado Cabello, criticou o “trancaço” alegando que violentava direitos civis como o da livre circulação, e advertiu que o governo se reserva o poder de atuar para preservar a calma nas proximas horas.



”Grande tomada” da capital



A oposição já anunciou uma “grande tomada de Caracas" para estes dias, e não descarta incluir uma marcha que chegue até o palácio presidencial de Miraflores.



Neste sentido, Cabello sentenciou que impedirá qualquer tentativa de desviar as marchas opositoras até a sede governamental, como ocorreu terça-feira.



”O palácio é uma área de segurança, em nenhum lugar do mundo se aceita que uma marcha opositora chegue ao palácio do governo”, declarou o ministro, um dos homens fortes do governo e próximo a Chávez.



No entanto, as chancelarias da Grã Bretanha, Alemanha e Hungria emitiram ontem vários comunicados em que aconselham aos cidadãos de seus respectivos países que não viagem à Venezuela. “Não temos notícias de ameaças específicas, porém a atmosfera política em Caracas e em outras cidades é muito tensa”, lê-se em um comunicado da chacelaria britânica.



A chancelaria de Relações Exteriores da Grã Bretanha geralmente não emite esses alertas, porém, foi muito criticada quando não advertiu seus cidadãos sobre o perigo de visitar Bali, na Indonésia, antes dos devastadores atentados de outubro, em que pese possuir informação da inteligência sobre possíveis ataques.



Por seu turno, o Ministério do Exterior alemão recomendou a seus cidadãos que não viagem à Venezuela “a menos que seja estritamente necessário”, enquanto que o ministério húngaro precisou: “Os que não possam adiar sua viagem à Venezuela, devem contactar imediatamente nosso consulado em Carcas”.



O governo venezuelano admitiu ontem a queda “em um terço” de seus níveis de produção petroleira, enquanto faz tentativas desesperadas para reativar a indústria com pessoal não qualificado e toma medidas para o racionamento de nafta nas transbordadas estações de serviço do país. “Conseguiram abater a produção até um terço dos níveis que havíamos alcançado e pretendem paralizar totalmente”, disse o presidente da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), Alí Rodríguez, aludindo aos gerentes petroleiros que se uniram à parada.



Até agora, a greve causou a redução da produção do petróleo bruto de quase 3 milhões de barrís diários a menos de 400.000 barrís, o que ocasiona perdas de 40 milhões de dólares por dia.



Fonte: EFE, AP, AFP e ANSA. Diário “La Nacion”



PERU ADVOGA PELO DIÁLOGO E A CONCILIAÇÃO NA VENEZUELA



O Peru considera que a “única via” para que a Venezuela solucione sua grave crise política “é o diálogo e a conciliação”, disse hoje o ministro peruano de Relações Exteriores, Allan Wagner. Da Argentina, onde conclui uma visita oficial, o chanceler destacou que o Peru liderou junto a outros quatro países “uma iniciativa diplomática no marco” da OEA, para respaldar a democracia venezuelana.



”A única via é o diálogo e a conciliação. Não há outra forma de afiançar a democracia em um país”, afirmou. Wagner disse que o Peru promoveu junto a Argentina, Bolívia, Canadá e Costa Rica a aprovação de uma resolução do Conselho Pemanente da OEA sobre a situação na Venezuela, onde a oposição reclama do presidente Hugo Chávez e a convocatória a eleições.



O objetivo “é fortalecer a mesa de diálogo que preside” o secretário geral da OEA, César Gaviria, que encontra-se em Caracas, “para alcançar uma solução pacífica, democrática, constitucional e eleitoral à crise venezuelana”.



”As fórmulas concretas de solução têm que ser analisadas pelos próprios venezuelanos. Não corresponde a um país amigo, que respeita a soberania venezuelana, adiantar um juízo sobre qual é a solução que eles devem encontrar”, esclareceu. Wagner assinalou que está certo de que “há um leque de possibilidades que estão considerando e esse é precisamente o trabalho facilitador de Gaviria na mesa de diálogo e conciliação que está em marcha” na Venezuela.



Fonte: El Nacional



DEMASIADO EGOÍSTAS



Parecerá que nós merecemos Chávez. Além disso, por longo tempo mais. É insólito que enquanto tantos venezuelanos da PDVSA, da indústria, das franquias, do comércio e de tantas outras áreas da vida nacional arrisquem suas empresas, seus postos de trabalho e que muitos deles arrisquem o todo pelo todo – já que até a vida vários lhe têm dado – para derrotar este regime fascista, autoritário e autocrático criador de ódios divisores, é incrível que, todavia, venezuelanos privilegiados economicamente, os quais com seus respectivos graus de culpabilidade do que hoje nos passa – no menor dos casos, culpados por omissão –, lhes resvale o sacrifício natalino de tantos outros e assumam para eles esta época como se tudo estivesse normal. Olimpicamente se vão de caracas em férias, muitos de viagem ao exterior somente para desfrutar a liberar-se deste pesadelo em um grotesco e imenso ato de superior egoísmo patriótico e insensibilidade solidária.



O que está se passando na Venezuela não é uma brincadeira. É a crise mais grave que no plano político e libertário se tenha estabelecido nas últimas décadas. É uma crise que está destruindo os alicerces de nossa natureza fraternal e tradição generosa do venezuelano. Nem sequer é uma crise onde o componente ideológico tenha um piso de sustentação compatível com os lineamentos de nossa história. É uma crise onde um presidente quer, por razões autocráticas que justifica com uma salada de idéias e referências históricas torcidas, escravizar-nos a todos. Individualmente a cada um de nós venezuelanos alvejamos com seus epítetos, com suas classificações e desqualificações, com suas ameaças militares e de seus círculos do terror. Além disso, de escravizar também aos poderes institucionais republicanos como o legislativo e o judiciário. Que raios têm, senhor presidente, ordenar o desacato do ditamem de um Juíz ou de um Procurador da República? O senhor já tragou o Defensor Público, o Controlador e o Fiscal. As palavras deste último na segunda-feira, até agora, são só isso: palavras. Queremos fatos Fiscal, e o senhor tem brilhado por não contribuir com nem um só. Porém, tragar-nos a todos os venezuelanos, Presidente, aposto que não vai!



Esta luta é de todos. Dos adultos, das mães e dos pais. Dos profissionais e dos trabalhadores. Porém é sobretudo dos jovens. Dos universitários, porque deles será a Venezuela de amanhã. O exemplo do Embaixador Fernando Gerbasi ao renunciar é bom, algo sacrifica. E o de Marcel Granier na noite de segunda-feira, enfrentando diretamente a Chávez na televisão sem capuz nem disfarces com a realidade de seus feitos e o propósito de seus objetivos, é exemplo de máxima demonstração de inteireza e valor. Exemplo que devem seguir nossos jovens. Lembrem de José Félix Ribas. Averiguem quem era. Como disse um amigo cubano: se em Cuba houvesse venezuelanos, Fidel não estaria mandando. Por isso a Pátria necessita de todos: aqui e agora.



Alfredo Anzola Méndez



terça-feira, 17 de dezembro de 2002

Ontem, infelizmente, não foi possível editar o Notalatina mas hoje trazemos uma análise interessante sobre a situação venezuelana, pela pena de William Butler Salazar, enviado por uma correspondente, que sintetiza tudo que vem ocorrendo por lá. Apesar de ter sido escrita no passado dia 09, continua atual porque nada mudou, desde então. Ele faz sérias e graves denúncias, mas com um certo amargor, como quem já cansou de lutar. Graças a Deus não é essa a postura da grande maioria dos opositores que continuam suas gestões, com a mesma garra e coragem de quando começaram.



Há ainda uma matéria do El Nuevo Herald muito chocante, sobre os adolescentes que são recrutados por paramilitares não identificados, mas provavelmente, pela descrição dada, às Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Nessa matéria eles revelam o requinte de barbarismo e crueldade no “treinamento” que lhes é imposto, por esses sanguinários terroristas que falam, ironicamente, “em nome da paz”.



A GUERRA CIVIL VENEZUELANA EM SEU PONTO CRÍTICO



Por William Butler Salazar



A desobediência civil por parte de todos os setores da Venezuela aumenta diariamente. A paralização dos centros de trabalho, anunciada pelo diretor deles, Ortega, é quase total. A produção do petróleo caiu dramaticamante durante o mês de novembro. Os embarques de petróleo e minerais pelo rio Orinoco estão quase a zero. Abastecimento de comida, água potável e gasolina diminuem. As usinas geradoras de energia elétrica têm armazenamento para 14 a 30 dias de operação. Os mortos e feridos aumentam. O presidente Chávez não tem intenções de diminuir o poder. O momento final da crise se aproxima.



Carlos Ortega, presidente da Confederação dos Trabalhadores Venezuelanos, com uma paciência e sabedoria meritórias, consciente de que seus contrários são criminosos fortemente armados, os quais têm demonstrado sua vontade de assassinar inocentes desarmados, utilizou esses últimos meses para organizar a oposição por parte do único grupo que tem capacidade de confrontar-se com o regime de Chávez. Convenceu os seus associados a unirem-se em uma parada total da indústria venezuelana. Seguro de que manifestações pela parte trabalhadora poderia trazer um banho de sangue, solicitou a estes que ficassem em suas casas. A prioridade de Ortega é promover no país uma parada total e a entrada de dólares reduzida a zero.



O presidente Chávez e seu governo de matadores não entregarão o poder. Como revolução, o que ocorre na Venezuela é um fenômeno. Os rebeldes, e quero dizer os rebeldes de verdade, as FARC colombianas, as milícias cubanas e os militantes dos Círculos Bolivarianos, de forma não tradicional, todos respaldam o governo no poder. Estes grupos estão fortemente armados, igual a James Bond; foram licenciados para matar. Seu objetivo é manter Chávez no poder, custe o que custar.



O team Castro/Chávez/CNN unir-se-ão de novo para desenvolver este novo drama, até que se encerre com um saborzinho bem ao gosto dos países irmãos simpatizantes. Fatos serão distorcidos igualmente ao que houve no suposto “Golpe” de 11 de abril. Sem exceção, a imprensa mundial continua expondo a tese absurda de que o Exército derrubou Chávez durante esses dois dias de abril. Mentira total e absurda. Chávez saiu do seu gabinete acompanhado de dois militares, associados intimamente a ele. Enquanto Chávez descansava no Fuerte Tiuna e na Ilha Orchila, o governo identificou com detalhe a oposição. Ao voltar, eliminou todos do processo opositor sem um disparo. Ortega, com um sexto sentido incrível, se havia distanciado desta farsa a tempo.



A oposição continua hoje armada unicamente com suas caçarolas. Trinta pessoas, destas, quatorze mulheres, receberam tiros no dia 6 em Carcacas. Os acusados como autores deste crime são ajudantes do prefeito chavista. Na medida em que as paradas trabalhistas reduzirem o controle de Chávez sobre a situação no país que governa, não lhe restará outro remédio que promulgar a Lei Marcial. O Exército cumprirá suas ordens ao pé da letra. A oposição, incapaz de defender-se sem armas, se encontrará em um beco sem saída. As Forças Armadas foram guilhotinadas desde o General mais alto, ao soldado mais raso. Todo alto oficial não considerado revolucionário foi despedido. Oficiais de grau baixo, não pertencentes ao grupo revolucionário de Chávez, foram redistribuídos. Durante os últimos dois anos, novos inscritos foram doutrinados por instrutores cubanos.



O secretário da OEA, César Gaviria, ganhou o primeiro prêmio do bobo da corte quando declarou, durante sua recente visita à Venezuela, que não se atrevia a fazer frente a Chávez porque “não podia tolerar suas gritarias e alterações”. Hoje em dia, a OEA está a ponto de converter-se em cúmplice de Chávez. O presidente Toledo, do Peru, novo amigo de Hugo Chávez, solicitará à OEA a imposição do artigo 17 de sua constituição, o qual permite a uma nação solicitar ajuda de fora, se considera que não pode continuar “exercendo o poder de forma legítima”. Aprovada a resolução, chegarão voando as Forças Armadas cubanas. Os grupos revolucionários já estabelecidos no país receberão legitimidade. Uma análise do voto na OEA identificará de perto os afiliados ao Foro de São Paulo, inimigos declarados dos países democráticos da América.



Otto Reich, sub-secretário de Estado para assuntos latino americanos dos Estados Unidos*, seguiu a problemática da Venezuela de perto conjuntamente com seu embaixador em Caracas, Charles Shapiro. Têm as mãos atadas. Neste momento, qualquer interferência por parte dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela contra seu governo legítimo, traria um rebote político fatal para a administração Bush.



Agentes de inteligência cubanos já têm identificada a maioria dos opositores. O mesmo plano que Castro utilizou, antes da invasão da Baía dos Porcos, está preparado. Tão logo dêem a ordem, que mais provavelmente virá de Havana, as tropas de Chávez prenderão a oposição, igual como foi em Cuba, durante abril de 1961, dias antes da invasão da Baía dos Porcos. Quando as prisões não aguentarem nem um a mais, encherão todos os lugares públicos, como cinemas, com detidos. Todo homem entre 18 e 50 anos, não declarado em favor da revolução bolivariana, perderá sua liberdade. Uma vez terminada a crise estes serão soltos, porém, fichados.



A oposição na Venezuela, armada de caçarolas, ficará neutralizada. Todo aquele que desejar sair do país, lhe será permitido. Uma vez que conclua a conquista da oposição, o país sairá com ímpeto com pessoal importado de países pertencentes ao Foro de São Paulo: cubanos, brasileiros, peruanos, equatorianos e todo simpatizante esquerdista. Aqueles trabalhadores venezuelanos sem saída, quer dizer, as pessoas fichadas como da oposição porém sem possibilidade de mobilizar-se para o exterior, ficarão como escravos do estado bolivariano



Com o tempo a produção voltará e o país começará a funcionar de novo. Chávez terá controle total, igualmente a Fidel, e ao povo não restará outro remédio a não ser, tragar seu novo déspota. A revolução bolivariana terá realizado seu objetivo. Um povo a mais se converterá em escravo de outro líder malvado.



Em forma dolorosa os cidadãos pagarão pelos pecados de seus ancestrais, que não cuidaram das riquezas e das belezas que lhes repartiu o Senhor.



William Butler Salazar é engenheiro, autor e navegante.



* Quando o autor escreveu esse artigo, Otto Reich ainda não havia sido deposto do seu cargo.



MENINOS REVELAM AS ATROCIDADES DA GUERRA



Agência France Press – Bogotá



Os testemunhos de 13 menores que fizeram parte de um grupo paramilitar de extrema direita na Colômbia, evidenciam a crueldade com que são treinados estes meninos combatentes, em especial para acostumá-los à morte, segundo um dramático informe publicado ontem pelo diário El Tiempo.



”A mim me deram uma mão de (o cadáver de ) um homem, para que me acostumasse ao cheiro da morte. Me cumpria carregá-la no bornal até que apodrecesse”, assinalou um dos menores de 17 anos, dos que foram entregues por paramilitares às autoridades, como gesto de boa vontade a um eventual processo de paz.



Outro menor, da mesma idade, assinalou que viu vários de seus companheiros morrerem em combate. ”Isso faz a pessoa mais forte e o faz treinar mais para vingá-los”, disse. Recordou que o lema dentro do seu grupo era: ” o treinamento deve ser duro para que a guerra seja um descanço”.



Também disse que tinha aulas onde os doutrinavam: ”Autodefesas são um grupo político, anti-subversivo, que busca a paz do país. As autodefesas não matam gente inocente; só guerrilheiros”, lhes diziam.



Segundo testemunho de outro dos menores, uma vez como castigo lhe coube esquartejar um companheiro que havia morrido: “Me tremiam as pernas e as mãos. Nessa noite me banhei mais de uma vez, porém não podia livrar-me do cheiro do sangue”.



Os menores foram acolhidos pela estatal Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar (ICBF), entidade encarregada da situação da infância na Colômbia.



Na sede do ICBF, estes menores que saíram dos paramilitares unem-se a outros que desertaram da guerrilha e que foram seus inimigos por algum momento. O diário entrevistou igualmente a uma jovem, próxima de completar os 18 anos, que pertenceu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(FARC).



Fonte: El Nuevo Herald



domingo, 15 de dezembro de 2002

Hoje eu estava com várias notícias de Cuba para informar, acerca dos presos de consciência, mas uma correspondência vinda da Venezuela vai ocupar, sozinha, todo o espaço da edição de hoje.



Trata-se de uma carta preciosa, porque informa aquilo que a imprensa jamais revela ao mundo, escrita por um psicanalista venezuelano de reconhecido prestígio e seriedade profissional, o Dr. Rómulo Lander. Enquanto leio a mensagem, constato muitas coisas das quais suspeitava mas não tinha como confirmar, pois apesar de pesquisar exaustivamente em vários jornais e através do canal de televisão CNN (espanhol), NADA, rigorosamente nada do que se passa de concreto nos bastidores dessa calamitosa situação é reportado, nem como uma discreta nota de rodapé.



Fica a certeza, após ler a carta, de que a população (sobretudo de fora da Venezuela) continua sendo enganada e manipulada a crer naquilo que é do interesse da “inteligentzia”. À semelhança do que ocorre em Cuba, muitas das práticas adotadas pelo regime do nefasto ditador comunista já são realidade na Venezuela, como os tais “tribunais populares”. Vieram ainda, em anexo, declarações de Sociedades Psicanalíticas, Psiquiátricas e de Escritores venezuelanos, que infelizmente não vou poder publicar hoje. Mas a carta do referido Dr. Lander já é suficientemente contundente e reveladora, para nos saciar a sede de informações sobre a real situação vivida por nossos irmãos venezuelanos.



Caracas, 14 de dezembro de 2002 – 11:00 AM



Na sexta-feira dez de dezembro, enviei a meus amigos e conhecidos do mundo psicanalítico uma reportagem pessoal atualizada, da grave situação em que se encontra a nação venezuelana. Me motivou a fazer isto, a seguinte situação: A imprensa e as notícias televisivas do estrangeiro não reportavam, ou reportavam insuficientemente, ou distorcidamente, o que considero ser uma terrível realidade na Venezuela. Se o mundo conhece a versão difundida pelas agências nacionais afins com o governo, é justo e saudável, ao menos estar informado da outra versão. Muitos intelectuais de diversos gêneros, preocupados por este ponto, nos reunimos e ante este visível estado de desinformação, decidimos difundir a outra realidade ao mundo, tal como a estamos vivendo.



É natural que outros analistas pensem de uma maneira diferente da minha. Para mim e para muitos colegas psicanalistas da Venezuela, de distintas escolas e filiações psicanalíticas, estamos convencidos de que esta luta é pela sobrevivência das liberdades cívicas e democráticas. A todos eles os encontro nas marchas diárias pela liberdade.



Afirmei que o Chavismo trata de impôr um regime castro-comunista na Venezuela. Está muito além do meu propósito dar-lhes argumentos irrefutáveis. Não sou um homem de direita. Sempre me considerei e me considero de centro-esquerda, preocupado e sensível às dificuldades do povo humilde. Nunca fui ativista político. Uma coisa é um governo democrático de esquerda e outra coisa é um regime totalitário, seja de extrema direita ou de extrema esquerda, aos quais repudio. Poderia ficar calado com a informação que tenho como cidadão comum, que vive em um país em crise. A hora chama a não mais calar-me. Estamos a beira de uma guerra civil. Utilizando somente o que se vê no canal do Estado e em notícias locais, posso dizer-lhes o seguinte: O presidente refere-se constantemente a seu governo como o processo revolucionário. Sua saudação a seus partidários é um gesto de levantar as mãos e golpear os punhos, uma e outra vez, incitando a violência em nome da revolução e com o grito de acabar com a oligarquia. Seus partidários vestem camisetas de Fidel e Che Guevara. Seus encontros televisados mostram os auditórios cheios de cartazes pró-Fidel e com enormes fotos de Che Guavara nas paredes. O Presidente visita com muita frequência (duas ou três vezes ao mês) Fidel Castro, em uma hora e trinta minutos de vôo desde Caracas. Seis mil milicianos cubanos já estão na Venezuela. O Comitê Tático da Revolução (segundo aparece no canal do Estado e na imprensa) inclui dois importantes membros do Partido Comunista venezuelano. A guarda pessoal do Presidente não está formada por militares venezuelanos. Vários meses atrás instalaram-se tribunais populares nas praças, para julgar e sentenciar (em ausência), e pela televisão (do Estado) os que eles consideravam contra-revolucionários. Alí foram sentenciados militares, jornalistas, canais de televisão e de rádio, jornais, intelectuais e políticos. Logo apareceram as listas dos objetivos militares da revolução. Os nomes das pessoas marcadas, como objetivos militares. Os nomes das instituições informativas marcadas como objetivos militares. Hoje em dia alguns repórteres de televisão ao iniciar seu trabalho, identificam-se como marcados nas listas. Estes tribunais foram suspensos pelo mesmo regime. Chávez, tal e qual Fidel, defendeu publicamente (com cartas e documentos) o terrorista internacional conhecido como o Chacal. Segundo o Embaixador (destituído) da Venezuela, em Paris, Chávez pagava com dinheiro do Estado a defesa legal do Chacal. Há vários meses, Freddy Bernal (lugar-tenente civil) de Chávez, foi descoberto acidentalmente no Iraque, comprando armas clandestinas para as milícias da revolução. Isto foi notícia internacional. A estratégia da revolução desenhou um sistema celular paramilitar em todas as cidades e povoados chamados “círculos bolivarianos”. Estes círculos estão armados pelo governo. Tanto assim, que em sua visita de abril, a OEA pediu a Chávez que desarmasse os Círculos, coisa que foi ignorada. O escritório central destes círculos encontra-se no Palácio do Governo. Isso pode ser visto na página Web dos círculos bolivarianos, cujo endereço de seu escritório central está no Palácio de Miraflores (do governo). Seu chefe máximo (segundo aparece na página) é o Ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello.



Sinto-me envergonhado de ter que dizer-lhes tudo isto. É minha pátria e me doi. Hoje é sábado, 14 de dezembro; em uma hora estarei marchando de novo nas ruas. Não sei se em dois ou três dias teremos uma guerra civil. Não vejo que nenhuma das duas partes em conflito tenha a possibilidade real de retroceder. Para ambos os lados a sorte está lançada. A parada total do setor petroleiro põe o governo contra a parede. E cedo ou tarde terá que estourar. A oposição não tem nenhum poder de fogo, todavia está cerceada e não tem volta atrás (atrás está o cárcere e o exílio). O mais grave é que já não é somente Chávez, agora; tudo está nas mãos do Comitê Tático da Revolução. Para ambos os lados, não vejo que haja espaço político para retroceder.



Meu desejo é que ao menos vocês conheçam o outro lado da notícia. Não digo que eu tenha a verdade, é só a outra face da situação, a outra face do que vocês vêem todos os dias na imprensa. Se me preocupo tanto pela causa de Freud, como não vou preocupar-me com o que está ocorrendo em meu País?



Saudações de um colega em dificuldades,

Rómulo Lander